O post do colunista Helio Gurovitz, no G1, desta quinta-feira, intitulado “A caça às bruxas que sufocou o IPEA” desinforma no título e no texto, preconceituosos, ralos e superficiais.
E o rapaz é humilde: acha que o seu blog é necessário para os leitores entenderem melhor o Brasil e o Mundo. Menos, professor, menos …
O que é escandaloso, na verdade, é o G1, como é rotina em parcela importante da mídia-empresa, mostrar somente uma versão da história, omitindo informações relevantes.
Trabalho no IPEA e tenho, por escrúpulo, evitado tratar neste blog de assuntos relativos à instituição.
Todavia, posso fazer algumas afirmativas sobre este assunto, pois os fatos são amplamente conhecidos.
Diversos técnicos do IPEA participaram da campanha eleitoral. Uns mais ativamente, outros menos.
Alguns – como é o caso de Mansueto Almeida – atuaram às claras. Mansueto, não só deixou claro que compunha a equipe econômica do candidato Aécio, como licenciou-se do IPEA no período eleitoral. Pelo menos esta foi a informação divulgada à época. Outros agiram em diversas instâncias sem a recomendável neutralidade ou transparência.
Sou testemunha de que o cuidado em relação ao que devia ser publicado e divulgado foi recomendado pela alta administração em reunião aberta, no auditório do IPEA/Brasília com transmissão em videoconferência para o IPEA/Rio, no dia 27/05/2014, na posse do novo presidente do IPEA, Sergei Soares.
Pareceu-me recomendação óbvia. Como um instituto de pesquisa com credibilidade conquistada em 50 anos de existência, o IPEA não poderia participar do processo eleitoral, de um lado ou de outro. A Casa estava razoavelmente pacificada após um período de turbulência iniciado em 2011 e não queria voltar a ser o centro das atenções negativas, especialmente em plena campanha eleitoral. Esta foi a minha leitura na ocasião. Achei bem razoável e prudente.
Na minha opinião, o acirramento da disputa política na eleição presidencial de 2014 e a manipulação midiática tão descarada à época da eleição, deram magnitude exagerada ao assunto.
O ator principal do folhetim omitiu-se e, em vez de jogar água na fervura, abandonou a panela ao fogo.
Agora, em pleno terceiro turno, o assunto volta requentado.
Na ocasião da polêmica, pouco antes da eleição, o IPEA emitiu uma nota explicando o ocorrido. O descuidado blogueiro do G1, ou desconhece os fatos e, portanto, deveria ter a prudência de não meter a colher de pau no angu de caroço que não conhece, ou os escamoteou.
Nos tempos que vivemos, de valores democráticos e éticos jogados na lata do lixo e de jornalismo ralo e seletivo, eu não me assustaria se a omissão tiver sido proposital.
Este é o novo normal no jornalismo nacional.
Como pedir compostura a estes senhores da nossa mídia ? Eles podem responder que já a praticam, na acepção do item 3, abaixo.
Obs: escrevo em meu nome, como cidadão atento, em caráter particular. Não tenho procuração de ninguém para emitir esta ou aquela opinião, mas não posso deixar passar preconceitos e intrigas como se fossem informação relevante “para entender melhor o Brasil e o mundo”.
Paulo Martins
Compostura. (do lat. compostura). S.f.
- Composição
- Concerto, arranjo
- Falsificação, imitação
- Seriedade ou correção de maneiras; comedimento, circunspeção, modéstia
em Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
Republicou isso em diálogos essenciais.
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Bom dia!
Parabéns pelo texto, muito oportuno, e, bem redigido.
Att, Edson Soares
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