Vendo essa foto e conhecendo os “currículos” dos três, me lembrei desse poema de Pablo Neruda. Um dia após a derrota de Bolsonaro, esses demônios se separam, cada um com seu punhal.
“Cada um escondia o punhal para as costas do associado” …
Encontro de corvos – Pablo Neruda
No Panamá uniram-se os demônios. Foi aí o pacto dos furões.
Uma vela apenas iluminava quando os três chegaram por um.
Primeiro chegou Almagro antigo e torto, Pizarro, o velho porcino e o frade Luque, cônego entendido em trevas.
Cada um escondia o punhal para as costas do associado, cada um com ensebado olhar nas escuras paredes adivinhava sangue, e o ouro do longínquo império os atraía como a lua às pedras malditas.
Quando pactuaram, Luque ergueu a hóstia na eucaristia, os três ladrões amassaram a obréia com torvo sorriso. “Deus foi dividido, irmãos, entre nós”, garantiu o cônego, e os carniceiros de dentes roxos disseram “Amém”.
Bateram na mesa cuspindo.
Como não sabiam de letras encheram de cruzes a mesa, o papel, os bancos, os muros.
O Peru, escuro, submerso, estava marcado de cruzes, pequenas, negras, negras cruzes pelo sul saíram navegando: cruzes para as agonias, cruzes peludas e afiadas, cruzes com ganchos de réptil, cruzes salpicadas de pústulas, cruzes como pernas de aranha, sombrias cruzes caçadoras.
Republicou isso em diálogos essenciaise comentado:
Em 20/11/2015 publiquei este post sobre os pactos nas trevas, entre traidores. Hoje, nestes dias de delação e traição dentro do núcleo de poder do governo usurpador-provisório, quando o traidor Sérgio Machado entregou seus comparsas de golpe e de falcatruas, penso como se repetem as mazelas nestas nossas sofridas Américas. Conchavos, golpes, traições … Punhais escondidos para as costas dos companheiros de golpe. Vem mais por aí. Faltam o chefe e demais conspiradores.
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