O homem é um fraco. Outrora conhecido como bom articulador, com bom transito no Congresso, fora escolhido por Lula para compor a chapa de Dilma por isso. Ser presidente da Câmara, no entanto, é diferente de ser presidente do país, mormente onde, tradicionalmente, todas as cobranças da opinião pública recaem sobre o Executivo. O fato de o centrão legislativo ter apoiado o ascenso de Michel Miguel à presidência tem um preço: o centrão, o baixo clero, ele cobra no varejo, mas como os devedores são numerosos, o preço pode sair muito, muito alto. Quando passou a integrar a chapa de Dilma, o homem, pessoa institucionalizada, político profissional, já não tinha mais base eleitoral para se eleger deputado federal. O antigo pupilo de Quércia perdera o encanto que lhe havia emprestado o antigo cacique. O que sobrou foi o que ele sempre foi: um bacharel vaidoso, com cabelos engomados e penteados para trás, trajando ternos tão cinzentos e antiquados quanto a sua própria trajetória política, aquela cultivada sobriedade tacanha de quem, acostumado às sombras, nunca quis ser percebido. Repito, o homem se institucionalizou nos corredores verdes e ocres do Congresso, seu universo é inteiramente composto de Rêgos Lima, Calheiros, Sarneys, Barbalhos, Lyras. Ele não faz a menor ideia do que vem a ser o povo, do que o povo quer, de seus anseios. Sem precisar dialogar com esses anseios, o homem, que deve dormir de toca e pijamas de seda com monograma bordado no bolso, é um político frágil porque, há tempos, labuta apenas com uma economia de interesses bem particular, bem especializada. Falta-lhe a legitimidade que vem do contato com o mundo real. Se empurrar, o homem cai. Que caia.
Por Pedro Munhoz