Frequento a Enseada de Botafogo desde 2005. Passados 11 anos, não me canso de admirar sua beleza natural. Quando saio para caminhar pela orla, da enseada até a Glória, passando pela Praia do Flamengo, não deixo de me emocionar.
Mesmo atacada pela especulação imobiliária, a enseada continua linda. Manoel de Barros já exaltava na década de 50 “esta borda de mar”.
Como estou só:
Afago casas tortas,
Falo com o mar na rua suja…
Nu e liberto levo o vento
No ombro de losangos amarelos.
Ser menino aos trinta anos, que desgraça
Nesta borda de mar de Botafogo!
Que vontade de chorar pelos mendigos!
Que vontade de voltar para a fazenda!
Por que deixam um menino que é do mato
Amar o mar com tanta violência?
Manoel de Barros, Na Enseada De Botafogo.
Em ‘Barros, Manoel de, 1916-2014. Meu quintal é maior do que o mundo [recurso eletrônico] / Manoel de Barros ; 1. ed. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2015′.
Veja o manuscrito deste poema:
(Publicado em: paginacinco.blogosfera.uol.com.br)