A bondade combatente, por Pablo Neruda

Homenagem a Pablo Neruda, pelo seu aniversário.

Diálogos Essenciais

Nestes tempos de midiotices e de intolerância egoísta,

nestes tempos de manifestações de fascismo explícito e de

ambições incontroladas.

Neste domingo tenebroso onde será festejado o enterro da democracia,
só me resta apelar, mais uma vez para Pablo Neruda. Passo-lhe a palavra.

Paulo Martins

Mas não tive a bondade morta nas ruas.

Rechacei o seu aqueduto purulento

e não toquei o seu mar contaminado.

Extraí o bem como um metal, cavando

além dos olhos que mordiam,

e entre as cicatrizes foi crescendo

meu coração nascido nas espadas.

Não saí desbocado, descarregando

terra ou punhal entre os homens.

Não era

meu ofício o da ferida ou o veneno.

Não sujeitei o inerme em ataduras

que lhe atravessassem chicotes gelados,

não fui à praça procurar inimigos

espreitando com a mão mascarada:

não fiz mais que crescer com as minhas raízes,

e o chão que estendeu o meu arvoredo

decifrou os vermes que…

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