Há pouco um amigo de direita definiu Marina, candidata a presidente, como uma melancia. Não entendi o comentário. Criativo, imaginei que meu interlocutor estava fazendo uma comparação com Melania, a mulher do candidato norte-americano Donald Trump, em função da “clareza” com que ambas expõem suas ideias. Tiro fora do alvo. Segundo este amigo Marina seria uma melancia por ser verde por fora e vermelha por dentro. Nada mais incorreto. Marina, diga-se a verdade, tornou-se incolor. Convenientemente incolor. Ou, talvez, furta-cor. Adapta sua cor à sua conveniência. É um camaleão ideológico.
Marina só pensa em um assunto: sua candidatura à presidência da república. Suas opiniões, sobre qualquer assunto, convergem para esse tema único.
Marina acusou a campanha de Dilma e o PT pelo seu fracasso em 2014. Finge esquecer que Aécio e sua campanha também lhe aplicaram alguns golpes certeiros. O problema real é que o balão de gás de Marina esvaziou-se, não tanto pelas críticas feitas pelas campanhas de Dilma e Aécio mas devido, principalmente, à sua própria falta de substância e coerência.
Na minha opinião, Marina afundou quando começou a falar e a deixar transparente seu despreparo, sua falta de conteúdo e incapacidade para enfrentar Dilma no segundo turno. Seu apoio à candidatura de Aécio Neves em 2014 reforçou essa impressão de incoerência e serviu para arrancar a máscara que cobria sua face neoliberal.
Esta semana, em visita à Fortaleza (1), Marina elogiou o direcionamento econômico do governo golpista de Temer, apesar do, em suas próprias palavras, envolvimento dele com escândalos de corrupção. Segundo Marina, o governo golpista “tem uma equipe econômica competente que pelos menos está ziguezagueando para tentar se livrar da crise”.
Marina acha que ziguezaguear em política econômica é aceitável e indício de competência.
Ziguezaguear … Parece conversa de bêbado.
A candidata encerrou a entrevista defendendo a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE e a convocação de novas eleições presidenciais.
Marina, sempre ziguezagueando nas suas opiniões. Marina sendo ela mesma.
(1) Jornal de Hoje, em opovo.com.br, de 01/08/2016.