Todos sabem que os Srs. congressistas só trabalham nas terças, quartas e quintas feiras, quando comparecem a Brasília, exceto no caso do processo de impedimento da presidente Dilma quando foram marcadas sessões para todos os dias e noites, sábados, domingos e feriados, para acelerar o processo.
O processo de julgamento do deputado Eduardo Cunha, por outro lado, se arrasta desde o ano passado.
Rodrigo Maia, deputado do DEM, filho do famoso político carioca César Maia, elegeu-se presidente da Câmara dos Deputados em coligação dos partidos golpistas – PSDB, PMDB e outras siglas de aluguel, com discurso anti-Cunha.
A verdade, hoje transparente, é que Maia, mancomunado com o PMDB de Temer, Padilha, Jucá e demais siglas de aluguel e políticos denunciados ou citados, fará tudo para salvar o mandato de Cunha e, assim, proteger o governo Temer que corre o risco de ser devastado pelas denúncias de Eduardo Cunha em eventual acordo de delação premiada.
Como é notório, o governo Temer e os políticos “rabos presos” que o apoiam são reféns de Eduardo Cunha, que ameaçou denunciar o esquema em eventual delação premiada. Assim, é fundamental para a gangolpista votar o impedimento da presidente Dilma antes de qualquer decisão em relação ao mandato do deputado Cunha.
O processo de impedimento teve início com o inconformismo dos setores retrógados da sociedade com a quarta derrota seguida nas eleições presidenciais, em disputa com os setores progressistas. Alimentou-se do pânico dos velhos políticos, atolados até o pescoço no pântano da lava-jato. Terá o seu gran finale
na salvação de Cunha e do governo Temer e seus ministros denunciados.
Na campanha para sua entronização como presidente da Câmara, Maia prometeu dar agilidade ao processo de cassação do mandato do deputado Cunha e marcar a votação para um dia de presença normal de deputados. Ora, todos sabem que as votações para cassação de mandatos são realizadas às quartas-feiras. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, aproveitando-se o período de recesso parlamentar e o clima olímpico, deu um salto “duplo twist carpado ilusório”e, na calada da noite, marcou para 12 de setembro, segunda feira, a votação do processo de Cunha.
Trata-se de data duplamente conveniente aos interesses da gangolpista: após a data de votação do impeachment da presidente Dilma e numa segunda feira, dia de presença quase zerada de políticos em Brasília. Para agravar ainda mais, no mês de setembro, no auge das campanhas de candidatos a vereadores e prefeitos de mais de 500 municípios em todo o país.
Para cassar o mandato do deputado Cunha são necessários 257 votos dos deputados federais. A data da votação, escolhida com maestria maquiavélica, visa fornecer aos deputados comprometidos com Eduardo Cunha uma desculpa esfarrapada para faltarem a tão importante sessão.
Cunha é um defunto morto, mas muito “vivo”. Os deputados comprometidos até o pescoço estão entre o inferno e o inferno. Ou cassam Eduardo Cunha e correm o risco de serem citados em denúncia na Lava-Jato ou o absolvem e correm o risco de enterrarem suas carreiras políticas. Como eles consideram seus eleitores como idiotas – e muitos deles realmente são – eu acho que estes políticos atolados no pântano vão fazer tudo o que for possível para salvar o mandato do “chefe” Cunha. Se, por tabela, salvarem a presidência do sub-chefe interino Temer e os demais ministros denunciados, terão mostrado capacidade de derrotar, com um só golpe, todo o país.