O pé invisível do mercado (revisado)

“O calcanhar de Aquiles da economia do bem-estar é seu tratamento das externalidades … Em uma economia de mercado qualquer ato de um indivíduo ou firma que provoque prazer ou dor em qualquer outro indivíduo ou firma e é super ou subprecificado pelo mercado constitui uma externalidade.

Uma vez que a esmagadora maioria dos atos de produção ou consumo são sociais, isto é, em alguma medida envolvem mais de uma pessoa, daí segue que envolverão externalidades.

Caso supunhamos o homem econômico maximizador da Economia burguesa, e se supusermos que o governo estabelece direitos de propriedade e mercado para tais direitos, sempre que se descubra uma deseconomia externa (a solução “preferida”da tendência conservadora e crescentemente dominante no campo das finanças públicas), então cada homem logo descobrirá que, usando-se de sagacidade, poderá impor deseconomias externas a outros homens, sabendo que a negociação dentro do novo mercado que será criado, certamente, o beneficiará.

Quanto maior o custo social imposto ao seu vizinho, maior será a sua recompensa no processo de negociação. Segue da hipótese ortodoxa do homem maximizador que cada homem criará o máximo de custos sociais que puder impor aos demais. R. C. d’Arge e eu batizamos este processo de ‘o pé invisível” do mercado … laissez faire.

O ‘pé invisível” nos garante que em uma economia de … livre-mercado cada indivíduo buscando apenas o seu próprio bem irá, automaticamente, e da forma mais eficiente, fazer sua parte para maximizar a miséria pública geral …

Parafraseando um conhecido precursor desta teoria: Cada indivíduo, necessariamente, trabalha para  tornar os custos externos anuais da sociedade os mais elevados possíveis. Na verdade, ele, geralmente, não pretende promover a miséria pública, ou sabe em que medida a está promovendo. Ele busca apenas o seu ganho próprio e, nisto, como em vários outros casos, ele é levado por um pé invisível a promover um fim que não fazia parte de sua intenção. Tampouco será melhor para a sociedade que não fizesse a sua parte.

Ao buscar o seu próprio interesse ele, frequentemente, promove a miséria social de forma mais eficaz do que caso, de fato, pretendesse promovê-la”.

Autor: E. K. Hunt

Publicado em História do Pensamento Econômico: uma Perspectiva Crítica – Introdução à Terceira Edição

Editora Elsevier

 

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