A introdução, abaixo – duas linhas – é da amiga de Facebook Mara Teles.
Paulo Martins
Esta nota, generosa e digna, é o lado do FHC que eu admirei – bem diferente do político atual no qual ele se transformou. Vale a pena ler.
“A morte de Fidel faz recordar, especialmente à minha geração, o papel que ele e a revolução cubana tiveram na difusão do sentimento latino-americano e na importância para os países da região de se sentirem capazes de afirmar seus interesses.
A luta simbolizada por Fidel dos “pequenos” contra os poderosos teve uma função dinamizadora na vida política no Continente. O governo brasileiro se opôs a todas as medidas de cerceamento econômico da Ilha e, desde o governo Sarney até hoje as relações econômicas e políticas entre o Brasil e Cuba fluíram com normalidade.
Estive varias vezes com Fidel, no Brasil, no Chile, em Portugal, na Argentina, em Costa Rica e etc. O Fidel que eu conheci, dos anos noventa em diante, era um homem pessoalmente gentil, convicto de suas ideias, curioso e bom interlocutor.
Os tempos são outros hoje. Do desprezo altaneiro aos Estados Unidos, Cuba passou a sentir que com Obama poderia romper seu isolamento. As nuvens carregadas de Trump não serão presenciadas por Fidel. Sua morte, marca o fim de um ciclo, no qual, há que se dizer que, se Cuba conseguiu ampliar a inclusão social,não teve o mesmo sucesso para assegurar a tolerância política e as liberdades democráticas.
Junto com meu pesar ao povo cubano pela morte de seu líder, quero expressar meus votos para que a transição pela qual a Ilha passa permita que a prosperidade aumente, mas que se preserve, num ambiente de liberdade, o sentimento de igualdade que ampliou acesso à educação e à saúde.