O BRASIL NUNCA FOI UM PAÍS COMUNISTA

Nem nenhum país, hoje ou ontem. Compartilho texto muito oportuno de Ulysses Ferraz. Didático. Infelizmente, estamos falando para “hipnotizados”, neste hospício ideológico em que se transformou o Brasil. Admiro a paciência e a esperança do Ulysses. Confesso que ao ler ou ouvir os hipnotizados e seus “discursos” desconexos, bate um desânimo! Algumas vezes tento argumentar alinhando teorias e fatos, para além do senso comum pasteurizado, hipnotizador. Outras vezes desisto na primeira réplica, pois percebo que o interlocutor não está ouvindo honestamente e, mesmo antes de eu concluir meus argumentos tem, já engatilhado, um conjunto de frases feitas, prêt-à-porter, disseminadas pelos hipnotizadores. Querem um exemplo, notório, gritante ? Assistam com atenção a entrevista de Fernando Haddad, candidato a presidente da República na chapa liderada pelo PT, no Jornal Nacional. Bonner e Renata, que cumprem diariamente, obedientes ao patrão, o papel de hipnotizadores, parecem, eles próprios, cegos pelo hipnotismo que eles mesmos diariamente fomentam. Eles, Bonner e Renata, Leitão e Sardenberg, Lôbo e Camaroti, Leilane e Valdo repetem, dia e noite, sem raciocinar,  os mantras encomendados pelos donos das máquinas de produzir hipnotizados, os irmãos Marinho, donos das “Organizações” (quase escrevi em italiano).   Repetem tanto, tantas vezes, que eles, encarregados pelo patrão de hipnotizar seu grande público, acabam hipnotizados. Os profissionais que não se deixassem hipnotizar e que se recusassem a acreditar que a terra é plana ou que tentassem mostrar que não existem países comunistas, seriam expulsos do templo, das “Organizações”.   Como a máquina da grande mídia – “as Organizações” – vem sendo aperfeiçoada desde sua criação, selecionando já no berço jornalistas obedientes, hipnotizados já nos bancos escolares, desde o maternalzinho, a possibilidade de aparecer e sobreviver no meio um jornalista que pense em desacordo com o Código de Honra das “Organizações” é mínima. Leia o texto do Ulysses e reflita honestamente. E lembre, nem a China, nem a Coreia do Norte são comunistas, no sentido econômico, histórico ou filosófico do termo. Mas aí já é “a totally different ball game”. Fica para outro texto. Paulo Martinsdialogosessenciais.com

O BRASIL NUNCA FOI UM PAÍS COMUNISTA, por Ulysses Ferraz

É urgente explicar para a população de um modo geral, inclusive aos segmentos mais escolarizados, o que significa o termo comunismo. Um conceito quando é usado de forma imprecisa e incorreta, generalizadamente, torna-se vazio de conteúdo. Só contribui para a propagação de ruídos e mal entendidos. E fomenta a violência. Até o cardeal dom Odilo Pedro Scherer foi agredido em 2016 por uma senhora que o acusou de “comunista”.

Essa onda de ódio, turbinada pela ignorância fundamentalista de certos grupos, sob a conivência dos principais meios de comunicação, vai acabar resultando em tragédias sob o pretexto de combate ao “comunismo”. Será preciso que haja mortes? Assassinatos? O Brasil nunca foi um país comunista. Tampouco socialista. É um Estado democrático de direito, com uma economia de mercado em crescimento moderado. Pelo menos éramos até 2015. Temos eleições livres e diretas regulares para os poderes Executivo e Legislativo. Pelo menos tínhamos até 2014. E se vivemos hoje em recessão, num Estado de exceção, isso não se deve a ”comunismos” mas a fascismos disfarçados de liberalismos.

O fato é que não há e nunca houve comunismo no Brasil. Nem idealizado nem real. Se houvesse, a maior parte dos meios de produção seriam de propriedade coletiva ou do Estado. Mas no Brasil, o setor privado corresponde a mais de 90% da atividade econômica do país. O “tamanho” do Estado é relativamente pequeno em proporção às maiores economias do mundo e às economias de países em desenvolvimento. A carga tributária em relação ao PIB está na média do Brics e dos países da OCDE. O grau de regulação dos mercados no Brasil é compatível com todas as democracia desenvolvidas do mundo, para que o capital não se concentre excessivamente, e não haja formação de monopólios e oligopólios. E as concentrações excessivas que existem em alguns setores, a despeito das regulamentações legais, são mais ou menos semelhantes às que ocorrem no resto do mundo capitalista. O Google e o Facebook são exemplos óbvios de que transgressões às leis concorrenciais não são exclusividade das organizações Globo. No Brasil também não há restrições draconianas para investimentos estrangeiros e a remessa de lucros para o exterior, além de permitida, não é sequer tributada. E a propriedade privada é garantida pela Constituição Federal com estatuto de direito fundamental. Um governo que implementa um mínimo de políticas públicas voltadas para inclusão social, redução da pobreza e melhor distribuição de renda e riqueza não é comunista ou socialista. Todos os países capitalistas desenvolvidos, as chamadas economias do Norte, possuem, em algum grau, maior ou menor, algum tipo de rede de proteção social. E algum mecanismo de redistribuição de renda. No Brasil, sequer atingimos o patamar de Estado de bem-estar social, como o atingido na maioria dos países ricos da Europa, apesar dos esforços desses 12 anos dos governos Lula e Dilma. A construção de uma sociedade mais justa e igualitária, sob princípios democráticos, em um Estado de direito consolidado, ainda é um objetivo quase utópico no Brasil. E cada vez que nos aproximamos deste ideal, as forças conservadoras entram em ação para desconstruir as conquistas democráticas e sociais do país, sob o pretexto de uma ameaça ”comunista”, como se vivêssemos anacronicamente nos tempos da Guerra Fria. Essas mesmas forças conservadoras que, quando lhes convêm, não respeitam os direitos humanos mais básicos, alimentam o ódio e a ignorância das massas, inclusive da classe média hipnotizada ideologicamente, e fazem crer, assim como o fizeram em 1964, que vivíamos entre 2003 e 2015 numa ditadura comunista de tipo stalinista. Até quando vamos permitir e tolerar que manipulem nossas cérebros e insultem a inteligência coletiva da nação? Basta de MBL e afins!

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