SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO, por Fabrício Carpinejar

Poeta Fabrício Carpinejar responde Alexandre Frota com texto sobre Pernambuco
Poeta gaúcho escreveu em rede social texto que relembra qualidade cultural de Pernambuco em resposta a comentário polêmico do deputado eleito

Publicado em: 27/12/2018 14:56 Atualizado em: 27/12/2018 15:34

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Poeta se posicionou contra comentário polêmico do deputado Alexandre Frota. Crédito: Divulgação
O poeta, jornalista e escritor, Fabrício Carpinejar, se manisfestou através da sua conta no instagram contra o comentário polêmico do deputado eleito Alexandre Frota. No texto, Carpinejar reafirma a qualidade cultural e artística presentes em figura icônicas que nasceram em Pernambuco para fazer alusão de forma irônica a forma perjorativo em que Frota respondeu a um seguidor no twitter nos últimos dias.
Carpinejar é filho dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar e tem mais de 324 mil seguidores no instagram. A publicação do escritor foi curtida e aclamada, em uma hora, por mais de 4.500 pessoas.
Relembre o caso
Ao postar, na última terça-feira (25), afirmando que ‘o Twitter é a rede que mais tem professores, estudiosos, cientistas e lacradores culturais’, Frota foi surpreendido por um comentário: ‘Também tem ator pornô que não paga a pensão do filho’. De forma pejorativa, respondeu: ‘só podia ser de Pernambuco’. A publicação gerou uma repercussão negativa entre os usuários da rede.
Confira o texto na íntegra:
SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO
Fabrício Carpinejar
Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina. Só podia ser de Pernambuco o frevo, o maracatu, o Galo da Madrugada, a alegria ecumênica. Só podia ser de Pernambuco os bonecos de Olinda, o olhar oceânico do alto das igrejas e dos muros brancos. Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros. Só podia ser de Pernambuco Manuel Bandeira e a Estrela da Manhã. Só podia ser de Pernambuco Nelson Rodrigues e o seu carinho pelos vira-latas mancos. Só podia ser de Pernambuco a infância misteriosa de Clarice Lispector, a descoberta da leitura. Só podia ser de Pernambuco Chico Science e o movimento manguebeat. Só podia ser de Pernambuco a cerâmica de Francisco Brennand e seus 1001 dias iluminados de esculturas e azulejos. Só podia ser de Pernambuco o modernismo de Cícero Dias, que já dizia em sua pintura: “Eu vi o mundo… ele começava no Recife”. Só podia ser de Pernambuco a pedagogia de Paulo Freire (do oprimido, da libertação, do compromisso, da autonomia e da solidariedade). Só podia ser de Pernambuco o cinema inovador de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor” e “Aquarius”) e de Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”). Só podia ser de Pernambuco a irreverência contagiante de Chacrinha. Só podia ser de Pernambuco a sociologia de Gilberto Freyre, profeta do multiculturalismo. Só podia ser de Pernambuco Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial de futebol. Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Só podia ser de Pernambuco o abolicionista Joaquim Nabuco.
Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco

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