A vaga reservada no topo da cadeia alimentar, por Maria Cristina Fernandes

Publicado no Valor Econômico.

Maria Cristina Fernandes, para equilibrar-se na posição em que se encontra como colunista do jornal Valor Econômico, das Organizações, precisa, sempre que escreve um texto contra o governo patronal, qualquer governo patronal, fazer críticas ao PT. É uma espécie de salvo-conduto. Se o assunto é a extinção da Previdência Social para os jovens que entrarão no mercado de trabalho e sua substituição por uma espécie de poupança compulsória, administrada por terceiros, por que ela não foca exclusivamente neste assunto, atual e urgentíssimo, informando ao público leitor detalhes desse golpe de mestre da dupla Guedes-Bolsonaro?. A conclusão é simples: o público leitor do jornal Valor Econômico é o seleto mundo dos empresários, a elite predatória nacional e estrangeira. Para eles não servem a omissão e a manipulação grotesca praticadas pelo Extra, Istoé, Veja, Estadão, O Globo, a imprensa engana-bobo nacional. Para esse mundo empresarial o Valor Econômico serve a receita neoliberal tradicional, com algumas análises um pouco menos superficiais. Aí entra Maria Cristina Fernandes, como uma voz pretensamente alternativa, mas que precisa, para ser aceita (engolida, na verdade) pela nossa elite escravocrata, para ganhar a confiança desse mercado ávido pelas reformas a qualquer custo, de falar mal dos governos do PT desde a introdução até a metade do texto. Compreensível. O jornal é feito para eles, para essa classe de sangue-sugas, para essa classe que vive e enriquece do trabalho alheio. Também, vindo das Organizações esperar o quê?

Paulo Martins


A vaga reservada no topo da cadeia alimentar

O governo Luiz Inácio Lula da Silva mal tinha começado quando Francisco de Oliveira publicou um texto em que identificou o surgimento de uma nova burocracia. Gestores de fundos de pensão, ligados ao partido do presidente da República, agiriam em defesa deste ou daquele investimento contrariando, muitas vezes, os interesses dos trabalhadores por meio dos quais ascenderam ao poder. Ao premonitório texto, Oliveira deu o nome de Ornitorrinco, uma alegoria desses novos gestores na forma de um mamífero, ovíparo e com bico de pato.

O sociólogo foi o primeiro a prever as mudanças políticas geradas pela gestão de fundos pensão de estatais pelo PT. Não era a primeira vez que isso acontecia. Expandidos, em grande parte, durante a ditadura, acumularam digitais do PFL de Antonio Carlos Magalhães, aos interesses privatistas do PSDB. No poder, o PT, além de espalhar ornitorrincos pela capital federal, franqueou espaços ao MDB de Renan Calheiros e Eduardo Cunha.

A ingerência sobre os recursos desses fundos fez a fortuna de gerações de empresários brasileiros, recheou a crônica de todos os grandes escândalos das últimas décadas, da Capemi à JBS, e adentrou a era Bolsonaro. O governo ainda não tinha completado um mês quando a Polícia Federal deflagrou uma operação para prender acusados de pagar subornos para que recursos de fundos de pensão de estatais e órgãos públicos administrados pelo BRB fossem investidos em projetos de duvidosa viabilidade como um hotel de luxo na Barra da Tijuca (RJ), tocado por uma sociedade que chegou a reunir as empresas do presidente americano, Donald Trump, e o neto do último general-presidente da ditadura, João Figueiredo.

Ao propagandear a capitalização privada como a saída para a Previdência no país, o governo Jair Bolsonaro é favorecido pela trágica memória recente da administração dos fundos públicos de pensão. Já se desmentiram idade mínima, paridade de gênero ou redução de abonos, mas ainda não se contestou a capitalização como pilar desta reforma. Tanto a mensagem presidencial ao Congresso Nacional quanto as declarações do ministro da Economia são no sentido de que a capitalização da Previdência pública é o que garantirá o futuro da juventude brasileira.

A julgar pela minuta, no entanto, esse futuro ainda é uma página em branco a ser desenhada pelo quórum mais reduzido da legislação complementar. O texto preliminar não deixa dúvidas de que está por se abrir, com uma carta branca, um mercado bilionário para o concentrado sistema financeiro que é o gestor da previdência privada do país.

Em duas décadas, os fundos de previdência aberta em suas duas modalidades (VGBL e PGBL), acumularam um patrimônio (R$ 800 bilhões) equivalente àquele dos fundos de previdência fechados. Nas contas de Daniel Pulino, professor de direito previdenciário da PUC-SP e conselheiro do fundo de previdência dos servidores federais (Funpresp), as taxas de administração dos fundos abertos fazem com que, ao longo de 35 anos, se reduza, pela metade, a rentabilidade do benefício (ver gráfico acima).

Capitalização é o pilar da reforma da Previdência

Ao remeter para legislação complementar a regulamentação, a proposta deixa em aberto a possibilidade de os fundos abertos não apenas aumentarem sua carteira com uma contribuição compulsória dos trabalhadores da iniciativa privada como concorrerem com os fundos de pensão fechados na captação de servidores. Ganhariam terreno na crença de que a gestão pública da Previdência está sujeita à roubalheira. O medo sugeriria ainda aos poupadores que taxas de administração que afetam a rentabilidade de seu benefício futuro e aumentam a remuneração do capital dos acionistas das instituições financeiras, não passam de uma pechincha.

Ao longo das últimas décadas, os fundos de pensão e o BNDES foram os responsáveis por grande parte do financiamento da infraestrutura do país. Gerações de políticos ascenderam em seus partidos como despachantes desses interesses. A capitalização da Previdência parte do pressuposto de que os recursos a serem captados pelos fundos geridos pelos bancos vão fomentar o mercado de capitais e, por meio deles, o financiamento do investimento privado.

Depois de preconizar reformas do gênero, o Banco Mundial já publicou sucessivas ressalvas de que o almejado fomento do mercado de capitais tem ficado aquém do esperado e que as empresas empregadoras, ao se ausentarem paulatinamente da co-participação dos benefícios previdenciários geridos pelos fundos privados, arriscam o empobrecimento dos poupadores na velhice.

A gestão desses recursos previdenciários pelos bancos tem ônus e bônus. A imagem a zelar, pilar do seu negócio, reforça a segurança atuarial do produto. O preço a ser pago pelo país é a concentração ainda maior de poder no sistema financeiro, o bicho que está no topo da cadeia alimentar em que vive o ornitorrinco. Os critérios de governança desse mercado serão definidos pela intricada tramitação da reforma, em detalhes cujo interesse para as poderosas redes sociais tem sido inversamente proporcional à importância para o futuro daqueles que sequer conquistaram o direito ao voto.

2 comentários em “A vaga reservada no topo da cadeia alimentar, por Maria Cristina Fernandes

  1. DIRETO PARA OS BOLSOMINIOS!!! – Joselice Costa Silva

    Para curar filho gay, porrada.
    Para deputado gay, ameaça de morte.
    Para vereadora negra, lésbica e da favela, execução.
    Para quem não é feia, estupro.
    Para petralhada, fuzilamento.
    Para doente mental, choque elétrico.
    Para divergência política, tortura.
    Para meninos, azul e para meninas, rosa.
    Para Paulo Freire, Perseguiçâo.
    Para ganhar eleição, kit gay e mamadeira de piroca.
    Para Trump, continência.
    Para Dilma, o terror de Ustra e a morte por infarte ou câncer.
    Para estudar na Universidade, tem que ser rico.
    Para aposentar, 40 anos de de contribuição.
    Para trabalhar, ausência de direitos.
    Para quem confessou crime, ausência de processo.
    Para os índios, as regras determinadas pelos latifundiários.
    Para as empresas de alimentação, a fiscalização delas mesmas.
    Para a preservação ambiental, redução de proibições, multas e punições.
    Para a produção rural, muito agrotóxico.
    Para as estatais, privatização.
    Para o governo, sigilo.
    Para as mílicias, o poder.
    Para o Queiroz, hospital Albert Einstein.
    Para enriquecer, laranjas.
    Para reduzir a corrupção, redução da transparência e das investigações.
    Para a escola, a distância.
    Para eleição, caixa 2.
    Para qualquer um, armas.
    Para os cidadãos dos EUA, ausência de reciprocidade.
    Para Davos, mico internacional.
    Para a política internacional, isolamento.
    Para o salário Mínimo, redução.
    Para os auxílios moradia de juízes, aumento.
    Para a primeira dama, cheques.
    Para militares, juízes e membros do legislativo, previdência sem reforma.
    Para os PMs, liberdade total para matar.
    Para Venezuela, guerra.
    Para a exportação, redução de mercado.
    Para a pesquisa acadêmica, censura e redução de investimentos.
    Para a família do presidente, impunidade.
    Para ninguém, cultura.

    E ainda querem que eu torça pra “Dar certo”… a ignorância reina.”

    É. TÁ PASSANDO DA HORA DA SENZALA BOTAR FOGO NO ENGENHO.

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  2. Republicou isso em Gustavo Hortae comentado:
    DIRETO PARA OS BOLSOMINIOS!!! – Joselice Costa Silva

    Para curar filho gay, porrada.
    Para deputado gay, ameaça de morte.
    Para vereadora negra, lésbica e da favela, execução.
    Para quem não é feia, estupro.
    Para petralhada, fuzilamento.
    Para doente mental, choque elétrico.
    Para divergência política, tortura.
    Para meninos, azul e para meninas, rosa.
    Para Paulo Freire, Perseguiçâo.
    Para ganhar eleição, kit gay e mamadeira de piroca.
    Para Trump, continência.
    Para Dilma, o terror de Ustra e a morte por infarte ou câncer.
    Para estudar na Universidade, tem que ser rico.
    Para aposentar, 40 anos de de contribuição.
    Para trabalhar, ausência de direitos.
    Para quem confessou crime, ausência de processo.
    Para os índios, as regras determinadas pelos latifundiários.
    Para as empresas de alimentação, a fiscalização delas mesmas.
    Para a preservação ambiental, redução de proibições, multas e punições.
    Para a produção rural, muito agrotóxico.
    Para as estatais, privatização.
    Para o governo, sigilo.
    Para as mílicias, o poder.
    Para o Queiroz, hospital Albert Einstein.
    Para enriquecer, laranjas.
    Para reduzir a corrupção, redução da transparência e das investigações.
    Para a escola, a distância.
    Para eleição, caixa 2.
    Para qualquer um, armas.
    Para os cidadãos dos EUA, ausência de reciprocidade.
    Para Davos, mico internacional.
    Para a política internacional, isolamento.
    Para o salário Mínimo, redução.
    Para os auxílios moradia de juízes, aumento.
    Para a primeira dama, cheques.
    Para militares, juízes e membros do legislativo, previdência sem reforma.
    Para os PMs, liberdade total para matar.
    Para Venezuela, guerra.
    Para a exportação, redução de mercado.
    Para a pesquisa acadêmica, censura e redução de investimentos.
    Para a família do presidente, impunidade.
    Para ninguém, cultura.

    E ainda querem que eu torça pra “Dar certo”… a ignorância reina.”

    É. TÁ PASSANDO DA HORA DA SENZALA BOTAR FOGO NO ENGENHO.

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