Deixe a menina, Chico Buarque de Holanda

Não é por estar na sua presença, meu prezado rapaz

Mas você vai mal, mas vai mal demais

São dez horas, o samba tá quente

Deixa a morena contente

Deixe a menina sambar em paz

Eu não queria jogar confete, mas tenho que dizer

“Cê” tá de lascar, “cê” tá de doer

E se vai continuar enrustido com essa cara de marido

A moça é capaz de se aborrecer

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz

E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis

Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça

Ou mereça a moça que você tem

Não sei se é pra ficar exultante, meu querido rapaz

Mas aqui ninguém o aguenta mais

São três horas, o samba tá quente

Deixa a morena contente

Deixe a menina sambar em paz

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz

E atrás dessa mulher, mil homens, sempre tão gentis

Por isso, para o seu bem, ou tira ela da cabeça

Ou mereça a moça que você tem

Não é por estar na sua presença, meu prezado rapaz

Mas você vai mal, mas vai mal demais

São seis horas, o samba tá quente

Deixa a morena com a gente

Deixa a menina sambar em paz.

Desculpe, leitores, não resisti. A intenção não é fazer um comentário preconceituoso, mas um posicionamento político contra um usurpador que vive uma vida artificial e vai colocar nosso país de joelhos.

 

Decisão do Supremo barra arranjo na Câmara

Notícia do dia: Decisão do STF suspende o rito estabelecido por Cunha para processo de impeachment da Presidente da República na Câmara.

Foram , na verdade, duas decisões em resposta a petições separadas. Uma, do ministro Teori Zavaski e, outra, da ministra Rosa Weber, em petições de mandados de segurança dos deputados Wadih Damous (PT/RJ) e Rubens Pereira e Silva Junior (PB do B/MA).

Todas as decisões em mandados de segurança, em se tratando de decisão liminar, de natureza cautelar, são, por definição, provisórias. Neste momento, não se está definindo o mérito da ação que será discutido mais tarde, no plenário do STF, se for o caso.

O que é importante na decisão dos dois ministros do Supremo é o reconhecimento de que este tema não deve ser objeto de decisão exclusiva do Congresso atropelando a Constituição pois, como afirmaram nas suas decisões, há dúvidas sobre a legalidade das regras adotadas e tendo em vista a magnitude institucional, por se tratar de processo contra a presidente da República, deve ser suspenso.

Assim, a meu ver, são, sim, decisões que atrapalham os planos golpistas urdidos  em conluio entre o presidente da Câmara e os líderes do golpe, com representantes em todos os partidos de oposição e, especialmente, no PSDB, DEM, Solidariedade, PPS e parte do PMDB comandado pelo presidente da Câmara.

O arranjo, o conluio, ou que nome se queira ao golpe para o golpe, seria uma espécie de tramoia para contornar a necessidade de dois terços dos votos dos deputados (342 votos) para abertura do processo de impeachment. Como a oposição sabe que não tem esta quantidade de votos, arquitetou um plano diabólico: o presidente da Câmara recusaria todos os pedidos de impeachment e algum deputado recorreria desta decisão. A decisão final seria levada ao plenário da Câmara onde necessitaria de maioria simples, somente, para aprovar o requerimento de abertura do processo de impeachment.

É óbvio, é cristalino, de fácil entendimento, que as decisões do Supremo  atrapalham o indecente plano diabólico do presidente da Câmara e seus associados da oposição, mancomunados no mesmo ideal de golpear a Constituição e afastar a presidente eleita.

Tanto é assim, que os senadores da oposição mais diretamente envolvidos com a maracutaia golpista estavam transtornados na sessão de hoje no Senado, “cuspindo marimbondos”.

Como foi observado em parágrafo anterior, mandados de segurança são decisões preliminares. De acordo com a legislação brasileira, conceder-se-á mandado  de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-lo por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Para que sejam concedidos os mandados de segurança têm que estar presentes, entre outros requisitos, o “periculum in mora” (perigo da demora) – por isso as decisões sobre mandados têm que ser rápidas. Não adiantaria um mandado de segurança depois que o Congresso tivesse tomado a decisão de impedir a presidente da República a partir de um rito nitidamente ilegal – e o “fumus boni iuris” (fumaça/indício de bom direito) que, portanto, por ser um direito, deve ser protegido.

Reveladora foi a reação do site G1, da reacionária Globo que, procurando menosprezar as decisões, destacou que estás são provisórias – grande novidade, todas as decisões em mandados de segurança o são – e que os pedidos de mandados foram feitos por parlamentares governistas. Vale a pena avisá-los que se trata de proteção à direito líquido e certo e cujo respeito é, portanto, fundamental nas democracias dignas deste nome.

Assim, as decisões deveriam ter sido objeto de comemoração e comprovação de fortalecimento da democracia, a merecer editorial nos grandes jornais “democratas” do país. E, não, um simples assunto de mesquinhez e esperteza política.

Editorial elogioso à decisão do Supremo. Esqueça. Não foi o que ocorreu. Além desta matéria no G1, os jornais da Globo apresentaram teor semelhante: indisfarçável decepção.

Mais curiosa ainda é a opinião de Cristiana Lobo, comentarista da Globo News – uma espécie de Sardenberg do comentário político. Segundo a brilhante comentarista, “quem ganhou mesmo com as decisões do Supremo foi Eduardo Cunha. O poder está com ele. Para o governo foi uma vitória de Pirro, com tempo para se esgotar”.

Entenderam o raciocínio torto?

A expressão vitória de Pirro é normalmente usada para expressar uma conquista cujo esforço tenha sido penoso demais e, assim, não compensaria.

Continuando a tortura das palavras praticada pela brilhante comentarista: “só quando Cunha tomar sua decisão vamos ver quem ganhou mesmo: se foi o governo ou se foi ele. Nesse instante quem ganhou foi ele”.

E estes comentaristas ainda são regiamente remunerados … Será que eles têm chefe? São avaliados? E diretores, existem? As decisões são tomadas na “cadeia de comando”, como foram as decisões do exército norte-americano de bombardear o hospital dos Médicos Sem Fronteiras em Kunduz. Ou não tem comando?

Pec da Bengala

A PEC da Bengala ampliou a idade – de 70 para 75 anos – de aposentadoria dos ministros de tribunais superiores. O objetivo, como ficou claro, foi impedir que a presidente Dilma Roussef pudesse indicar ministros para o Supremo Tribunal Federal para ocupar as vagas que seriam abertas com a aposentadoria compulsória aos 70 anos de diversos ministros deste tribunal.

Agora, a Câmara dos Deputados está votando a extensão da PEC da Bengala a todo o funcionalismo público.

Entendo que esta medida é prejudicial à gestão e às finanças públicas: haverá afunilamento das promoções e, com isso, os servidores públicos concursados mais jovens levarão muito mais tempo para chegarem ao topo de suas carreiras e para alcançarem cargos de direção e assessoramento.

As vagas para novos concursos públicos seriam reduzidas, aumentando a idade média dos servidores públicos ativos.

A necessária oxigenação, que permitiria aos órgãos públicos incorporarem novas técnicas e processos de trabalho e gestão da coisa pública, seria interrompida.

Os custos com abono de permanência pagos aos servidores públicos com tempo de contribuição para aposentadoria, mas que optam por continuar trabalhando após os 70 anos, certamente aumentariam.

Talvez por este motivo a proposta do governo federal de interromper o pagamento de novos abonos de permanência.

Fica uma lição: decisões casuísticas como a PEC da Bengala, que não foi discutida nem analisada com cuidado, traz efeitos nefastos para toda a sociedade.

Vamos dar nomes aos bois (2) revisado

Dar nome aos bois? Nomeá-los um a um? Bem que merecem. É melhor não fazê-lo. Eles são poderosos. Têm o poder de decidir sobre o nosso presente, desconsiderar nossos votos e esquecer que perderam eleições democráticas e de distorcer a mentira transformando-a em verdade inquestionável.

A este dom eles chamam de justiça ou neutralidade.

Nós sabemos seus nomes. Todos sabem.

Seja o Ministro do Supremo Tribunal da Injustiça, o “impoluto” membro do Superior Tribunal Aético Eleitoral Seletivo, arrogantes e tiranos cavalheiros que julgam que seus votos valem mais do que os votos dos demais, a Bancada BBBB – do Boi, da Bíblia, da Bala, dos Bancos, os execráveis presidentes de casas legislativas ou os pálidos vermes donos da comunicação (neutra-mentira) oligopolizada que sugam o sangue da pátria, não é necessário nomeá-los.

Todos sabemos quem são.

E sabemos que o poema do Neruda lhes serve como carapuça, adaptada com perfeição, com chifres e tudo.

Paulo Martins

Serão nomeados – Pablo Neruda

Enquanto escrevo, minha mão esquerda me

reprova.

Me diz: por que os nomeias, que são, que valem?

Por que não os deixaste em seu anônimo lodo

de inverno, nesse lodo em que urinam os cavalos?

E minha mão direita lhe responde: “Nasci

para bater nas portas, para brandir os golpes,

para acender as últimas retiradas sombras

nas quais se alimenta a aranha venenosa”.

Serão nomeados. Não me entregaste, Pátria,

o doce privilégio de nomear-te

apenas em teus alhelíes e tua espuma,

não me deste palavras, Pátria, para chamar-te apenas

com nomes de ouro, de pólen, de

fragrância,

para esparzir semeando as gotas de orvalho

que caem de tua negra cabeleira imperiosa:

me deste com o leite e a carne as sílabas

que nomearão também os pálidos vermes que viajam no teu ventre,

os que acossam o teu sangue, saqueando-te a vida

Os vermes do bosque, por Pablo Neruda

No Senado, vassalos com seus projetos de entrega do pré-sal;

na Câmara, traição.

Delatores sujos,

pedantes donos de revista-esgoto.

Vendedores de capas,

insetos que vivem de feridas.

Eclosão dos ovos das serpentes,

proliferação dos vermes dos bosques.

Assim está a tua realidade, pátria.

Paulo Martins

Com a palavra, Neruda:

Algo do bosque antigo caiu, foi a tormenta

talvez, purificando crescimentos e camadas,

e nos troncos caídos fermentaram os fungos,

as lesmas cruzaram seus fios nauseabundos,

e a madeira morta que caiu das alturas

encheu-se de buracos e de larvas espantosas.

Assim está o teu costado, pátria, a desditada

governação de insetos que povoam tuas feridas,

os grossos traficantes que mastigam arame,

os que desde Palacio negociam com o ouro,

os vermes que juntam micros e pescarias,

os que te roem algo cobertos pelo manto

do traidor que dança sua zamba excitada,

o jornalista que encarcera seus companheiros,

o sujo delator que faz governo,

o pedante que se apodera duma revista pedante

com o ouro roubado dos yaganes,

o almirante tonto como um tomate, o gringo

que cospe a seus vassalos uma bolsa com dólares.

A sua, a minha, a nossa democracia agoniza. Muitos preferem assim.

Quem reembolsará o dinheiro público gasto pelo circo da CPI da Petrobrás?

Os excelentíssimos srs. políticos insistem em convocar para acareação depoentes que eles sabem, de antemão, não irão depor.

Para levar a Brasília depoentes que estão presos no Paraná, há custo de escolta e transporte.

Não importa. O país é rico. A prova disso é que os nobres deputados votaram aumentos para o Judiciário com impacto nas contas públicas superior a 20 bilhões de reais.

Recentemente Duque e Vaccari foram levados a Brasília e a acareação programada foi cancelada. Descobriram, na última hora, que os depoentes exerceriam direito constitucional de permanecerem calados.

Nós, os nobres contribuintes, pagaremos a conta.

Duque e Vaccari estão sendo convocados a Brasília novamente. O juiz Moro reluta em liberá-los. Alega preocupação com os gastos.

Se existe um processo em andamento na Justiça Federal, há muito tempo, prendendo e pressionando suspeitos para forçar delações premiadas, tomando depoimentos, fazendo acareações, sequestrando patrimônios, repatriando dinheiro e condenando acusados, qual a razão da existência de uma CPI?

Será que os Srs. deputados estão enciumados com os holofotes e prêmios recebidos pelo juiz Moro?

Ou estarão receosos?

Ou pretendem instalar a confusão, gritar “fogo!”, para tentarem escapar?

E se Janot resolve tentar puxar para si uma parte dos holofotes do juiz Moro?

Aí, instala-se o salve-se-quem-puder de vez.

Instalada a CPI, começa o show midiático-circense, com deputados e senadores artistas, uns de comédia, outros de ópera-bufa, mas todos investigadores amadores , para ficarmos no terreno dos elogios.

Além do show de frases desconexas, de preconceitos, de desinformação e indigência histórico-cultural, de perguntas sem pé nem cabeça, de exibições de ignorãça e de falta de educação, o que a CPI acrescentaria?

Só custos e descrédito.

Para nós, os cidadãos dignos, os custos. Para os políticos, ainda maior descrédito.

Se o interesse é a manutenção do assunto na mídia, a mídia empresarial ávida por escândalos dará este espaço.

O resultado será a falência da atividade política no Brasil, em prejuízo do bem comum e da democracia. Muitos preferem assim.

Infelizmente.

Erram muito e não se envergonham

Millôr Fernandes dizia que “se uma imagem vale mais do que mil palavras, então diga isto com uma imagem”.

O jornal O Globo publica hoje matéria intitulada “Eike Batista – De bilionário a réu em ações por crimes financeiros”.

A mídia empresarial é assim mesmo. Tem o hábito de adular o grande capital nos momentos de glória – falsa ou real – e jogá-los na lata do lixo quando convém.

Eu sei – aprendi com Millôr – que nem sempre uma imagem vale mais que mil palavras. Mas este vídeo de 9 minutos vale.

O vídeo, com entrevista de Eike, parece publicidade com espaço comprado disfarçada de programa. Fantástico.

Parece.

Não posso afirmar. Não tenho provas.

Vamos admitir que tenha sido uma reportagem honesta, como se espera que sejam todas as matérias veiculadas em todos os meios de comunicação.

Terá sido, então, um grande erro. Um erro grosseiro.

Erraram no passado, erram hoje, erram todos os dias.

Erram em economia e política, que não são assuntos triviais. Mas erram em outros assuntos.  Erram no que vier.

Consideram-se entendidos em tudo. Erram impunemente, doa em quem doer.

Em tempo: não perdi um tostão com o desmoronamento do castelo de areia do Eike Batista. Trabalhei por mais de dez anos na Vale e aprendi a encarar com ceticismo as aventuras do Mr. Gold.

Quem informa deveria ter o mesmo ceticismo cuidadoso.

Será que a imagem em destaque desmente o Millôr? Cartas para a redação.

Assista o vídeo e tire suas próprias conclusões:

http://youtu.be/YcRr-I36E68

Um pouco de compostura, senhores (4)

O post do colunista Helio Gurovitz, no G1, desta quinta-feira, intitulado “A caça às bruxas que sufocou o IPEA” desinforma no título e no texto, preconceituosos, ralos e superficiais.

E o rapaz é humilde: acha que o seu blog é necessário para os leitores entenderem melhor o Brasil e o Mundo. Menos, professor, menos …

O que é escandaloso, na verdade, é o G1, como é rotina em parcela importante da mídia-empresa, mostrar somente uma versão da história, omitindo informações relevantes.

Trabalho no IPEA e tenho, por escrúpulo, evitado tratar neste blog de assuntos relativos à instituição.

Todavia, posso fazer algumas afirmativas sobre este assunto, pois os fatos são amplamente conhecidos.

Diversos técnicos do IPEA participaram da campanha eleitoral. Uns mais ativamente,  outros menos.

Alguns – como é o caso de Mansueto Almeida – atuaram às claras. Mansueto, não só deixou claro que compunha a equipe econômica do candidato Aécio, como licenciou-se do IPEA no período eleitoral. Pelo menos esta foi a informação divulgada à época. Outros agiram em diversas instâncias sem a recomendável neutralidade ou transparência.

Sou testemunha de que o cuidado em relação ao que devia ser publicado e divulgado foi recomendado pela alta administração em reunião aberta, no auditório do IPEA/Brasília com transmissão em videoconferência para o IPEA/Rio, no dia 27/05/2014, na posse do novo presidente do IPEA, Sergei Soares.

Pareceu-me recomendação óbvia. Como um instituto de pesquisa com  credibilidade conquistada em 50 anos de existência, o IPEA não poderia participar do processo eleitoral, de um lado ou de outro. A Casa estava razoavelmente pacificada após um período de turbulência iniciado em 2011 e não queria voltar a ser o centro das atenções negativas, especialmente em plena campanha eleitoral. Esta foi a minha leitura na ocasião. Achei bem razoável e prudente.

Na minha opinião, o acirramento da disputa política na eleição presidencial de 2014 e a manipulação midiática tão descarada à época da eleição,  deram magnitude exagerada ao assunto.

O ator principal do folhetim omitiu-se e, em vez de jogar água na fervura, abandonou a panela ao fogo.

Agora, em pleno terceiro turno, o assunto volta requentado.

Na ocasião da polêmica, pouco antes da eleição, o IPEA emitiu uma nota explicando o ocorrido.  O descuidado blogueiro do G1, ou desconhece os fatos e, portanto, deveria ter a prudência de não meter a  colher de pau no angu de caroço que não conhece, ou os escamoteou.

Nos tempos que vivemos, de valores democráticos e éticos jogados na lata do lixo e de jornalismo ralo e seletivo, eu não me assustaria se a omissão tiver sido proposital.

Este é o novo normal no jornalismo nacional.

Como pedir compostura a estes senhores da nossa mídia ? Eles podem responder que já a praticam, na acepção do item 3, abaixo.

Obs: escrevo em meu nome, como cidadão atento, em caráter particular. Não tenho procuração de ninguém para emitir esta ou aquela opinião, mas não posso deixar passar preconceitos e intrigas como se fossem informação relevante “para entender melhor o Brasil e o mundo”.

Paulo Martins

Compostura. (do lat. compostura). S.f.

  1. Composição
  2. Concerto, arranjo
  3. Falsificação, imitação
  4. Seriedade ou correção de maneiras; comedimento, circunspeção, modéstia

em Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa

Crimes ambientais

Tivemos, na semana passada, um fim de semana chuvoso no Rio de Janeiro, limitando um pouco as opções de lazer ao ar livre. Quando a chuva parou, um bem-te-vi fazia a festa, lá na ponta de um galho. Peguei a câmera e tirei algumas fotos . Logo após, apareceu um mico-estrela. Este mico estava em uma árvore bem próxima e não se incomodava com a minha presença. Quando eu apontava a máquina, parecia que ele posava para a foto. Ao sair do condomínio, recebemos informativos da administração do condomínio e um, em especial, me deixou pensando sobre o que algumas pessoas têm na cabeça. O texto relatava uma denúncia de funcionário do condomínio que presenciou um vizinho portando uma arma de ar comprimido para abater os micos-estrela.

Trata-se, evidentemente, de crime ambiental. O condomínio está situado na Mata Atlântica e os verdadeiros invasores são os moradores que compraram lotes, arrancaram árvores e construíram casas contribuindo, assim, para o desequilíbrio ambiental.

Não temos o direito de decidir quem vive e quem morre, exterminando os animais que não nos interessam para preservar as espécies que mais nos agradam.

Já imaginou se todos resolvem, cada um por si, ‘reequilibrar” a natureza exterminando determinadas espécies de animais que não lhes agradam?

O voto e a reforma política

Menos de 2 anos após o golpe militar de 1o. de abril de 1964, o poeta Thiago de Mello escreveu este poema. O que ocorreu depois todos sabem: a ditadura durou 21 anos. Temos somente 30 anos de democracia e a Câmara dos Deputados sob a presidência de Eduardo Cunha segue em sua agenda oportunista, votando novas regras para as eleições que representam verdadeiro retrocesso no processo político.

A coincidência de mandatos, com a realização de eleições de 4 em 4 anos, uma das propostas na mesa, é um destes retrocessos. Outro retrocesso é a eliminação da obrigatoriedade de votar. Não se aprende a votar conscientemente deixando de votar. Não se fortalece uma democracia eliminando oportunidades de consulta popular. Voto é direito e dever de cidadania.

A falta de eleições e a não obrigatoriedade do voto reforçam a alienação, enfraquecem a educação política e ajudam a destruir a democracia.

Quando é instalada uma ditadura e se perde o direito ao voto é que se percebe a importância deste dever cívico. Nas palavras de Thiago de Mello, “o voto, … era um direito e era um dever sagrado”.

CANÇÃO DO AMOR ARMADO

THIAGO DE MELLO

Vinha a manhã no vento do verão,
e de repente aconteceu.
Melhor
é não contar quem foi nem como foi,
porque outra história que vem, que vai ficar.
foi hoje e foi aqui, no chão da pátria,
onde o voto, secreto como o beijo
no começo do amor, e universal
como o pássaro voando – sempre o voto
era um direito e era um dever sagrado.

De repente deixou de ser sagrado,
de repente deixou de ser direito,
de repente deixou de ser, o voto.
Deixou de ser completamente tudo.
Deixou de ser encontro e ser caminho,
deixou de ser dever e de ser cívico,
deixou de ser apaixonado e belo
e deixou de ser arma – de ser a arma,
porque o voto deixou de ser do povo.

Deixou de ser do povo e não sucede,
e não sucedeu nada, porém nada?

De repende não sucede.
Ninguém sabe nunca o tempo
que o povo tem de cantar.
Mas canta mesmo é no fim.

Só porque não tem mais o voto,
que era sua arma e poder.
Mas não perdeu seu dever
nem seu direito de povo,
que é o de ter sempre a sua arma,
sempre ao alcance da mão.

De canto e de paz é o povo,
quando tem arma que guarda
a alegria do seu pão.
Se não é mais a do voto,
que foi tirada à traição,
outra há de ser, e qual seja
não custa o povo a saber,
ninguém nunca sabe o tempo
que o povo tem de chegar.

O povo sabe, eu não sei.
Sei somente que é um dever,
somente sei que é um direito.
agora sim que é sagrado:
cada qual tenha a sua arma
para quando a vez chegar
de defender, mais que a vida,
a canção dentro da vida,
para defender a chama
de liberdade acendida
no fundo do coração.

Cada qual que tenha a sua,
qualquer arma, nem que seja
algo assim leve e inocente
como este poema em que canta
voz de povo – um simples canto
de amor.
Mas de amor armado.

Que é o mesmo amor. Só que agora
que não tem voto, amor canta
no tom que seja preciso
sempre que for na defesa
do seu direito de amar.

O povo, não é por isso
que vai deixar de cantar.

Rio, 6 de fevereiro de 1966

The Mind Managers – manipuladores da informação

Em 1979 eu li um livro que aborda um tema muito atual no Brasil. O título deste livro, escrito em 1973, por Herbert I. Schiller, é The Mind Managers. O livro analisa os meios pelos quais a informação é controlada e manipulada nos Estados Unidos. Publico, em seguida, resumo dos principais pontos publicado em 9 de maio de 2013 , por Ronald R. Rodgers, no blog mmc6660.wordpress.com, da turma de MMC6660 – Mass Communication & Society, da Faculdade de Jornalismo, da Universidade da Flórida.

Há no texto um link para a entrevista do autor Dr. Schiller concedida em 1997 a Ronald Rodgers.

Segundo Schiller, os profissionais da comunicação dos Estados Unidos estruturam o conteúdo com base em cinco mitos:

1 – O mito do individualismo e da escolha pessoal

2- O mito da neutralidade 

3- O  mito da natureza humana imutável

4- O mito da inexistência de conflito social (luta de classes)

5- O mito do pluralismo da midia

Para formatar as consciências são usadas duas técnicas:

1- fragmentação (ou focalização) como forma de comunicação

2- imediatismo da informação

Nestes tempos de manipulação midiática sem pudor, o livro está muito atual e sua releitura faz-se necessária, nos Estados Unidos e aqui.

Excerpts from The Mind Managers by Herbert I. Schiller
Posted on May 9, 2013 by Ronald R. Rodgers

“In their passion to dominate, to mold others to their patterns and their way of life, the invaders desire to know how those they have invaded apprehend reality – but only so they can dominate the latter more effectively.” – Paulo Freire, Pedagogy of the Oppressed, 1971

Mind managers

Excerpts from The Mind Managers by Herbert I. Schiller – a book that analyzes the ways in which information is controlled and manipulated in the United States.

1997 Interview with Dr. Schiller: http://www.youtube.com/watch?v=G7vpqXGW9sE

Five Myths That Structure Content.

1. The Myth of Individualism and Personal Choice

Manipulation’s  greatest triumph, most observable in the United States, is to have taken advantage of the special historical circumstances of Western development to perpetrate as truth a definition of freedom cast in individualistic term.

This enables the concept to serve a double function. It protects the ownership of productive private property while simultaneously offering itself as the guardian of the individual’s well-being, suggesting, if not insisting, that the latter is unattainable without the existence of the former.

  1. Upon this central construct an entire scaffolding of manipulation is erected.
    […]

There is evidence enough to argue that the sovereign individual’s rights are a myth, and that society and the individual are inseparable.

 2. The Myth of Neutrality

For manipulation to be most effective, evidence of its presence should be nonexistent.
When the manipulated believe things are the way they are naturally and inevitably, manipulation is successful.
In short, manipulation requires a false reality that is a continuous denial of its existence.
It is essential, therefore, that people who are being manipulated believe in the neutrality of their key social institutions.
They must believe that government, the media, education, and science are
beyond the clash of conflicting social interests.

[…]

3. The Myth of Unchanging Humane Nature

Human expectations can be the lubricant of social change.
When human expectations are low, passivity prevails.
There can, of course, be various kinds of images in anyone’s mind concerning political, social, economic, and personal realities
The common denominator of all such imagery, however, is the view people have of human nature. What human nature is seen to be ultimately affects the way human beings behave, not because they must act as they do but because they believe they are expected to act that way.
[…]

It is to prevent social action (and it is immaterial whether the intent is articulated or not) that so much publicity and attention are devoted to every pessimistic appraisal of human potential.
If we are doomed forever by our inheritance, there is not much to be done about it.
But there is a good reason and a good market for undervaluing human capability. An entrenched social system depends on keeping the popular and, especially, the ‘enlightened’ mind unsure and doubtful about its human prospects.
Among the mind manipulators, human nature doesn’t change and neither does the world.
[…]

4. The Myth of the Absence of Social Conflict

Concentrating on the blemishes of revolutionary societies is but one side – the international side – of mind management’s undertakings to veil from the public the realities of domination and exploitation.
Consciousness controllers, in their presentation of the domestic scene, deny absolutely the presence of social conflict. On the face of it, this seems an impossible task. After all, violence is ‘as American as apple pie.’ Not only in fact but in fantasy: in films, on TV, and over the radio, the daily quota of violent scenarios offered the public is staggering. How is this carnival of conflict reconcilable with the media managers’ intent to present an image of social harmony?
The contradiction is easily resolved. As presented by the national message-making apparatus, conflict is almost always an individual matter, in its manifestations and in its origin.
The social roots of conflict just do not exist for the cultural-information managers. True, there are ‘good guys’ and ‘bad guys’, but, except for such ritualized situations as westerns, which are recognized as scenarios of the past, role identification is divorced from significant social categories.
[…]

Elite control requires omission or distortion of social reality.
[…]

5. The Myth of Media Pluralism

Personal choice exercised in an environment of cultural-informational diversity is the image, circulated worldwide, of the condition of life in America.
This view is also internalized in the belief structure of a large majority of Americans, which makes them particularly susceptible to thoroughgoing manipulation.
It is, therefore, one of the central myths upon which mind management flourishes.
Choice and diversity, though separate concepts, are in fact inseparable; choice is unattainable in any real sense without diversity. If real options are nonexistent, choosing is either meaningless or manipulative. It is manipulative when accompanied by the illusion that choice is meaningful.
[…]

———-

Two Techniques That Shape Consciousness

  1. Fragmentation as a Form of Communication

Myths are used to dominate people.
When they are inserted unobtrusively into popular consciousness, as they are by the cultural-informational apparatus, their strength is great because most individuals remain unaware that they have been manipulated.
The process of control is made still more effective by the special form in which the myth is transmitted. The technique of transmission can in itself add an extra dimension to the manipulative process.
What we find, in fact, is that the form of the communication, as developed in market economies, and in the United States in particular, is an actual embodiment of consciousness control. This is most readily observed in the technique of information dissemination, used pervasively in America, which we shall term fragmentation.
[…]

Fragmentation, or focalization, is the dominant – indeed, the exclusive – format for information and news distribution in North America. Radio and television news is characterized by the machine-gun-like recitation of numerous unrelated items.
Newspapers are multipaged assemblages of materials set down almost randomly, or in keeping with arcane rules of journalism. Magazines deliberately break up articles, running the bulk of the text in the back of the issue, so that readers must turn several pages of advertising copy to continue reading.
[…]

One of the methods of science that is validly transferable to human affairs is the ecological imperative of recognizing inter-relatedness. When the totality of a social issue is deliberately evaded, and random bits pertaining to it are offered as ‘information’, the results are guaranteed: at best, incomprehension; ignorance, apathy, and indifference for the most part.

  1. Immediacy of Information

Closely associated with fragmentation and, in fact, a necessary element in its operation, is “immediacy.”
This here-and-now quality helps increase the manipulatory power of the informational system.
That the information is evanescent, with hardly any enduring structure, also
undermines understanding.
Still, instantaneousness – the reporting of events as soon after their occurrence as possible – is one of the most revered principles of American journalism.
Those social systems that do not provide instantaneous information are regarded either as hopelessly backward and inefficient or – a much more serious charge – as socially delinquent.
[…]

The technology that permits and facilitates immediacy of information is not at issue. It exists and could, under different conditions, be useful.
What is of concern is the present social system’s utilization of the techniques of rapid communications delivery to blur or eradicate meaning while claiming that such speed enables understanding and enlightenment.
[…]

It is easy to imagine electronic formats that would use instantaneousness as a supplement to the construction of meaningful contexts.
It is not so easy to believe that immediacy, as a manipulative device, will be abandoned while it serves mind managers by effectively preventing popular comprehension and understanding.
Passivity: The Ultimate Objective of Mind Management

The content and form of American communications – the myths and means of transmitting them – are devoted to manipulation.
When successfully employed, as they invariably are, the result is individual passivity, a state of inertia that precludes action.
This, indeed, is the condition for which the media and the system-at-large energetically strive, because passivity assures the maintenance of the status quo.
Passivity feeds upon itself, destroying the capacity for social action that might change the conditions that presently limit human fulfillment.

Financiamento das eleições pelas empresas: veja como votou seu Deputado

A Câmara dos Deputados aprovou, por maioria de votos, emenda constitucional que permite as doações de pessoas jurídicas (empresas) para as campanhas eleitorais. Há promessa de se estabelecer, no futuro, limites e regras para estas doações. Ver para crer.

O projeto de emenda constitucional ainda tem que cumprir algumas etapas, antes de tornar-se texto constitucional e ser inserido em nossa Constituição Federal. Mas o primeiro passo já está dado. Infelizmente.

Na primeira votação a proposta, um pouco diferente na forma, mas não no conteúdo, havia sido rejeitada. Em outro post, publicado ontem, fiz comentários sobre as mágicas regimentais que os srs. Deputados, favoráveis à legalização das doações de pessoas jurídicas nas campanhas eleitorais fizeram para alterar a decisão de rejeição e aprovar o dinheiro de empresas nas eleições, inserindo tal permissão na Constituição Federal.

A revista Carta Capital publicou em seu site a lista dos Deputados que foram favoráveis à doação de empresas aos partidos políticos para as campanhas eleitorais.

Veja abaixo se o seu Deputado está na lista dos que aprovaram o uso de dinheiro de pessoa jurídica nas campanhas eleitorais.

Resta uma dúvida: quando uma empresa doa (empresta, adianta ?) recursos dos acionistas para partido político em campanha eleitoral esta doação deve ser escriturada na contabilidade da empresa como:

1) doação a fundo perdido

2) empréstimo a negativado

3) locação de mão-de-obra por interposta pessoa jurídica

4) investimento a curto prazo

5) investimento a longo prazo

6) PPPPPPP – parceria público/privada para partidos e políticos profissionais

7) Adiantamento para futuras amortizações

8) Adiantamento a ser compensado por receitas futuras

9) Operação com derivativos: opção de compra

10) Tesouro indireto

Confira abaixo a votação/

Veja se o seu Deputado empenhou o seu voto:

Parlamentar UF Voto
DEM
Alberto Fraga DF Sim
Alexandre Leite SP Sim
Carlos Melles MG Sim
Claudio Cajado BA Sim
Efraim Filho PB Sim
Eli Côrrea Filho SP Sim
Elmar Nascimento BA Sim
Felipe Maia RN Sim
Hélio Leite PA Sim
Jorge Tadeu Mudalen SP Sim
José Carlos Aleluia BA Sim
Mandetta MS Sim
Marcelo Aguiar SP Sim
Mendonça Filho PE Sim
Misael Varella MG Sim
Moroni Torgan CE Sim
Pauderney Avelino AM Sim
Paulo Azi BA Sim
Professora Dorinha Seabra Rezende TO Sim
Rodrigo Maia RJ Sim
Total DEM: 20
PCdoB
Alice Portugal BA Não
Aliel Machado PR Não
Carlos Eduardo Cadoca PE Não
Chico Lopes CE Não
Daniel Almeida BA Não
Davidson Magalhães BA Não
Jandira Feghali RJ Não
Jô Moraes MG Não
João Derly RS Não
Luciana Santos PE Não
Orlando Silva SP Não
Rubens Pereira Júnior MA Não
Wadson Ribeiro MG Não
Total PCdoB: 13
PDT
Abel Mesquita Jr. RR Sim
Afonso Motta RS Não
André Figueiredo CE Não
Dagoberto MS Não
Damião Feliciano PB Não
Félix Mendonça Júnior BA Não
Flávia Morais GO Não
Major Olimpio SP Não
Marcelo Matos RJ Não
Marcos Rogério RO Não
Pompeo de Mattos RS Não
Roberto Góes AP Sim
Sergio Vidigal ES Não
Subtenente Gonzaga MG Não
Weverton Rocha MA Não
Wolney Queiroz PE Não
Total PDT: 16
PEN
André Fufuca MA Sim
Junior Marreca MA Sim
Total PEN: 2
PHS
Adail Carneiro CE Sim
Carlos Andrade RR Sim
Diego Garcia PR Sim
Kaio Maniçoba PE Sim
Marcelo Aro MG Sim
Total PHS: 5
PMDB
Alberto Filho MA Sim
Alceu Moreira RS Sim
Aníbal Gomes CE Sim
Baleia Rossi SP Sim
Cabuçu Borges AP Sim
Carlos Bezerra MT Sim
Carlos Henrique Gaguim TO Sim
Carlos Marun MS Sim
Celso Jacob RJ Sim
Celso Maldaner SC Sim
Celso Pansera RJ Sim
Daniel Vilela GO Sim
Danilo Forte CE Sim
Darcísio Perondi RS Sim
Dulce Miranda TO Sim
Edinho Bez SC Sim
Edio Lopes RR Sim
Eduardo Cunha RJ Art. 17
Elcione Barbalho PA Não
Fabio Reis SE Sim
Fernando Jordão RJ Sim
Flaviano Melo AC Sim
Geraldo Resende MS Sim
Hermes Parcianello PR Sim
Hildo Rocha MA Sim
Hugo Motta PB Sim
Jarbas Vasconcelos PE Sim
João Arruda PR Sim
João Marcelo Souza MA Sim
José Fogaça RS Não
Josi Nunes TO Sim
Laudivio Carvalho MG Sim
Lelo Coimbra ES Sim
Leonardo Picciani RJ Sim
Leonardo Quintão MG Sim
Lindomar Garçon RO Sim
Lucio Mosquini RO Sim
Lucio Vieira Lima BA Sim
Manoel Junior PB Sim
Marcelo Castro PI Não
Marcos Rotta AM Sim
Marinha Raupp RO Sim
Marquinho Mendes RJ Sim
Marx Beltrão AL Sim
Mauro Lopes MG Sim
Mauro Mariani SC Sim
Mauro Pereira RS Sim
Newton Cardoso Jr MG Sim
Osmar Serraglio PR Sim
Pedro Chaves GO Sim
Rodrigo Pacheco MG Sim
Rogério Peninha Mendonça SC Sim
Ronaldo Benedet SC Sim
Roney Nemer DF Sim
Saraiva Felipe MG Sim
Sergio Souza PR Sim
Simone Morgado PA Não
Soraya Santos RJ Sim
Veneziano Vital do Rêgo PB Sim
Vitor Valim CE Sim
Walter Alves RN Sim
Total PMDB: 61
PMN
Antônio Jácome RN Sim
Dâmina Pereira MG Sim
Hiran Gonçalves RR Sim
Total PMN: 3
PP
Afonso Hamm RS Não
Aguinaldo Ribeiro PB Sim
Arthur Lira AL Sim
Beto Rosado RN Sim
Cacá Leão BA Sim
Conceição Sampaio AM Sim
Covatti Filho RS Sim
Dilceu Sperafico PR Sim
Dimas Fabiano MG Sim
Esperidião Amin SC Não
Ezequiel Fonseca MT Sim
Fernando Monteiro PE Sim
Guilherme Mussi SP Sim
Iracema Portella PI Sim
Jair Bolsonaro RJ Sim
Jerônimo Goergen RS Sim
Jorge Boeira SC Não
José Otávio Germano RS Não
Julio Lopes RJ Sim
Lázaro Botelho TO Sim
Luis Carlos Heinze RS Sim
Luiz Fernando Faria MG Sim
Marcelo Belinati PR Não
Marcus Vicente ES Sim
Mário Negromonte Jr. BA Sim
Missionário José Olimpio SP Sim
Nelson Meurer PR Sim
Odelmo Leão MG Sim
Paulo Maluf SP Sim
Renato Molling RS Sim
Renzo Braz MG Sim
Ricardo Barros PR Sim
Roberto Balestra GO Sim
Ronaldo Carletto BA Sim
Sandes Júnior GO Sim
Toninho Pinheiro MG Sim
Waldir Maranhão MA Sim
Total PP: 37
PPS
Alex Manente SP Não
Arnaldo Jordy PA Não
Carmen Zanotto SC Não
Eliziane Gama MA Não
Hissa Abrahão AM Não
Marcos Abrão GO Não
Moses Rodrigues CE Não
Raul Jungmann PE Não
Roberto Freire SP Não
Rubens Bueno PR Não
Sandro Alex PR Não
Total PPS: 11
PR
Aelton Freitas MG Sim
Alfredo Nascimento AM Sim
Anderson Ferreira PE Sim
Bilac Pinto MG Sim
Cabo Sabino CE Sim
Capitão Augusto SP Sim
Clarissa Garotinho RJ Não
Dr. João RJ Sim
Francisco Floriano RJ Sim
Giacobo PR Sim
João Carlos Bacelar BA Sim
José Rocha BA Sim
Laerte Bessa DF Sim
Lincoln Portela MG Sim
Lúcio Vale PA Sim
Luiz Cláudio RO Sim
Luiz Nishimori PR Sim
Magda Mofatto GO Sim
Marcio Alvino SP Sim
Maurício Quintella Lessa AL Sim
Miguel Lombardi SP Sim
Milton Monti SP Sim
Paulo Freire SP Sim
Remídio Monai RR Sim
Silas Freire PI Não
Tiririca SP Sim
Vinicius Gurgel AP Sim
Wellington Roberto PB Sim
Zenaide Maia RN Sim
Total PR: 29
PRB
Alan Rick AC Sim
André Abdon AP Sim
Antonio Bulhões SP Sim
Beto Mansur SP Sim
Carlos Gomes RS Sim
Celso Russomanno SP Sim
César Halum TO Sim
Cleber Verde MA Sim
Fausto Pinato SP Sim
Jhonatan de Jesus RR Sim
Jony Marcos SE Sim
Marcelo Squassoni SP Sim
Márcio Marinho BA Sim
Roberto Alves SP Sim
Roberto Sales RJ Sim
Ronaldo Martins CE Sim
Rosangela Gomes RJ Sim
Sérgio Reis SP Sim
Tia Eron BA Sim
Vinicius Carvalho SP Sim
Total PRB: 20
PROS
Ademir Camilo MG Não
Antonio Balhmann CE Não
Beto Salame PA Não
Domingos Neto CE Sim
Dr. Jorge Silva ES Não
Givaldo Carimbão AL Sim
Hugo Leal RJ Sim
Leônidas Cristino CE Sim
Miro Teixeira RJ Não
Rafael Motta RN Sim
Ronaldo Fonseca DF Não
Valtenir Pereira MT Não
Total PROS: 12
PRP
Alexandre Valle RJ Sim
Juscelino Filho MA Sim
Marcelo Álvaro Antônio MG Sim
Total PRP: 3
PRTB
Cícero Almeida AL Sim
Total PRTB: 1
PSB
Adilton Sachetti MT Sim
Átila Lira PI Sim
Bebeto BA Não
Fabio Garcia MT Sim
Fernando Coelho Filho PE Sim
Flavinho SP Não
Glauber Braga RJ Não
Gonzaga Patriota PE Não
Heitor Schuch RS Não
Heráclito Fortes PI Sim
Janete Capiberibe AP Não
João Fernando Coutinho PE Sim
José Reinaldo MA Sim
Jose Stédile RS Não
Júlio Delgado MG Não
Keiko Ota SP Sim
Leopoldo Meyer PR Não
Luciano Ducci PR Sim
Luiz Lauro Filho SP Sim
Maria Helena RR Sim
Marinaldo Rosendo PE Não
Pastor Eurico PE Não
Paulo Foletto ES Não
Rodrigo Martins PI Não
Stefano Aguiar MG Sim
Tadeu Alencar PE Não
Tenente Lúcio MG Sim
Tereza Cristina MS Sim
Valadares Filho SE Sim
Vicentinho Júnior TO Sim
Total PSB: 30
PSC
Andre Moura SE Sim
Edmar Arruda PR Sim
Eduardo Bolsonaro SP Sim
Erivelton Santana BA Sim
Gilberto Nascimento SP Sim
Irmão Lazaro BA Não
Júlia Marinho PA Sim
Marcos Reategui AP Sim
Pr. Marco Feliciano SP Sim
Professor Victório Galli MT Sim
Raquel Muniz MG Sim
Silvio Costa PE Sim
Total PSC: 12
PSD
Alexandre Serfiotis RJ Sim
Átila Lins AM Sim
Cesar Souza SC Sim
Danrlei de Deus Hinterholz RS Sim
Delegado Éder Mauro PA Sim
Diego Andrade MG Sim
Evandro Roman PR Sim
Fábio Faria RN Sim
Fábio Mitidieri SE Sim
Felipe Bornier RJ Sim
Fernando Torres BA Sim
Goulart SP Sim
Herculano Passos SP Sim
Indio da Costa RJ Sim
Jaime Martins MG Sim
Jefferson Campos SP Sim
João Rodrigues SC Sim
Joaquim Passarinho PA Sim
José Carlos Araújo BA Sim
José Nunes BA Não
Júlio Cesar PI Sim
Marcos Montes MG Sim
Paulo Magalhães BA Sim
Ricardo Izar SP Sim
Rogério Rosso DF Sim
Rômulo Gouveia PB Sim
Sérgio Brito BA Sim
Silas Câmara AM Sim
Sóstenes Cavalcante RJ Sim
Walter Ihoshi SP Sim
Total PSD: 30
PSDB
Alfredo Kaefer PR Sim
Antonio Carlos Mendes Thame SP Sim
Antonio Imbassahy BA Sim
Arthur Virgílio Bisneto AM Sim
Betinho Gomes PE Sim
Bonifácio de Andrada MG Sim
Bruna Furlan SP Sim
Bruno Araújo PE Sim
Bruno Covas SP Sim
Caio Narcio MG Sim
Carlos Sampaio SP Sim
Célio Silveira GO Sim
Daniel Coelho PE Sim
Delegado Waldir GO Sim
Domingos Sávio MG Sim
Eduardo Barbosa MG Sim
Eduardo Cury SP Sim
Fábio Sousa GO Sim
Geovania de Sá SC Sim
Giuseppe Vecci GO Sim
Izalci DF Sim
João Campos GO Sim
João Castelo MA Sim
João Gualberto BA Sim
João Paulo Papa SP Sim
Jutahy Junior BA Sim
Luiz Carlos Hauly PR Sim
Mara Gabrilli SP Sim
Marco Tebaldi SC Sim
Marcus Pestana MG Sim
Max Filho ES Não
Miguel Haddad SP Sim
Nelson Marchezan Junior RS Sim
Nilson Leitão MT Sim
Nilson Pinto PA Sim
Otavio Leite RJ Sim
Paulo Abi-Ackel MG Sim
Pedro Cunha Lima PB Sim
Ricardo Tripoli SP Sim
Rocha AC Sim
Rodrigo de Castro MG Sim
Rogério Marinho RN Sim
Rossoni PR Sim
Shéridan RR Sim
Silvio Torres SP Sim
Vanderlei Macris SP Sim
Vitor Lippi SP Sim
Total PSDB: 47
PSDC
Aluisio Mendes MA Sim
Luiz Carlos Ramos RJ Sim
Total PSDC: 2
PSL
Macedo CE Sim
Total PSL: 1
PSOL
Chico Alencar RJ Obstrução
Edmilson Rodrigues PA Obstrução
Ivan Valente SP Obstrução
Jean Wyllys RJ Obstrução
Total PSOL: 4
PT
Adelmo Carneiro Leão MG Não
Afonso Florence BA Não
Alessandro Molon RJ Não
Ana Perugini SP Não
Andres Sanchez SP Não
Angelim AC Não
Arlindo Chinaglia SP Não
Assis Carvalho PI Não
Assis do Couto PR Não
Benedita da Silva RJ Não
Beto Faro PA Não
Bohn Gass RS Não
Caetano BA Não
Carlos Zarattini SP Não
Chico D Angelo RJ Não
Décio Lima SC Não
Enio Verri PR Não
Erika Kokay DF Não
Fernando Marroni RS Não
Gabriel Guimarães MG Não
Givaldo Vieira ES Não
Helder Salomão ES Não
Henrique Fontana RS Não
João Daniel SE Não
Jorge Solla BA Não
José Airton Cirilo CE Não
José Guimarães CE Não
José Mentor SP Não
Leo de Brito AC Não
Leonardo Monteiro MG Não
Luiz Couto PB Não
Luiz Sérgio RJ Não
Luizianne Lins CE Não
Marco Maia RS Não
Marcon RS Não
Margarida Salomão MG Não
Maria do Rosário RS Não
Moema Gramacho BA Não
Nilto Tatto SP Não
Odorico Monteiro CE Não
Padre João MG Não
Paulão AL Não
Paulo Pimenta RS Não
Paulo Teixeira SP Não
Pedro Uczai SC Não
Professora Marcivania AP Não
Reginaldo Lopes MG Não
Rubens Otoni GO Não
Ságuas Moraes MT Não
Sibá Machado AC Não
Toninho Wandscheer PR Não
Valmir Assunção BA Não
Valmir Prascidelli SP Não
Vander Loubet MS Não
Vicente Candido SP Não
Vicentinho SP Não
Wadih Damous RJ Não
Waldenor Pereira BA Não
Weliton Prado MG Abstenção
Zé Carlos MA Não
Zé Geraldo PA Não
Zeca Dirceu PR Não
Zeca do Pt MS Não
Total PT: 63
PTB
Adalberto Cavalcanti PE Sim
Adelson Barreto SE Sim
Alex Canziani PR Sim
Antonio Brito BA Sim
Arnaldo Faria de Sá SP Sim
Arnon Bezerra CE Sim
Benito Gama BA Sim
Cristiane Brasil RJ Sim
Deley RJ Sim
Eros Biondini MG Sim
Jorge Côrte Real PE Sim
Josué Bengtson PA Sim
Jovair Arantes GO Sim
Jozi Rocha AP Sim
Luiz Carlos Busato RS Sim
Nelson Marquezelli SP Sim
Paes Landim PI Sim
Pedro Fernandes MA Sim
Ricardo Teobaldo PE Sim
Ronaldo Nogueira RS Sim
Sérgio Moraes RS Sim
Walney Rocha RJ Sim
Wilson Filho PB Sim
Zeca Cavalcanti PE Sim
Total PTB: 24
PTC
Uldurico Junior BA Sim
Total PTC: 1
PTdoB
Luis Tibé MG Sim
Pastor Franklin MG Sim
Total PTdoB: 2
PTN
Bacelar BA Sim
Christiane de Souza Yared PR Não
Delegado Edson Moreira MG Sim
Renata Abreu SP Não
Total PTN: 4
PV
Dr. Sinval Malheiros SP Sim
Evair de Melo ES Não
Evandro Gussi SP Sim
Fábio Ramalho MG Sim
Leandre PR Não
Penna SP Sim
Sarney Filho MA Sim
Victor Mendes MA Sim
Total PV: 8
S.Part.
Cabo Daciolo RJ Não
Total S.Part.: 1
Solidaried
Arthur Oliveira Maia BA Sim
Augusto Carvalho DF Sim
Augusto Coutinho PE Sim
Aureo RJ Sim
Benjamin Maranhão PB Sim
Carlos Manato ES Sim
Elizeu Dionizio MS Sim
Expedito Netto RO Sim
Ezequiel Teixeira RJ Sim
Fernando Francischini PR Sim
Genecias Noronha CE Sim
JHC AL Não
José Maia Filho PI Sim
Lucas Vergilio GO Sim
Zé Silva MG Sim
Total Solidaried: 15

Devolve o processo, ministro Gilmar!

Em 14 de maio eu publiquei a seguinte opinião sobre a reforma política que estava sendo preparada nos “porões” da Câmara:

“O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, prometeu dedicar-se à reforma política logo após a fase de votação das medidas provisórias 664 e 665. Vindo de quem vem, soa como ameaça.
O relator da reforma política informou que a cúpula do PMDB é favorável ao modelo chamado distritão, o qual ele próprio considera que seria a pior das opções.
O que foi pedido nas manifestações de 2013 foi a reforma da (forma de fazer) política  e dos políticos e não o absurdo que o PMDB está tentando implantar.
O distritão, espero, não será aprovado na Câmara. Mas, fazer reforma política sem discussão com a sociedade e sem mexer no financiamento privado das campanhas (compra de mandatos) é repetir os atos que levaram ao caos político que temos hoje no Brasil.
Será que os políticos estariam dispostos a fazer uma reforma política que afete os seus interesses particulares?
Reforma da política só se faz com eleitores conscientes e mídia séria e responsável. Não dá para esperar uma reforma da política vinda dos políticos e da mídia empresarial que temos. Estou pessimista.
Foi publicado na imprensa que apenas quatro países no mundo adotam o modelo de voto distrital puro: Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Ilhas Pitcairn”.

Ontem, menos de duas semanas depois, temos novo cenário. O distritão não passou e os srs. deputados não conseguiram definir nenhum novo modelo de eleição. Quanto ao financiamento privado das campanhas eleitorais, que Cunha, metade do PSDB e o DEM queriam “enfiar” no texto constitucional, não passou. Tratando-se de emenda constitucional rejeitada, não poderá ser apreciada novamente na atual legislatura. A desculpa esfarrapada do ministro Gilmar Mendes para não devolver o processo referente aos financiamentos de campanha que ele retirou para vistas há mais de um ano e não devolveu, caiu por terra. Ele alegava que era melhor deixar o Congresso decidir e, a meu ver, ao não aprovar o projeto apreciado nesta madrugada, o Congresso decidiu, mesmo de forma indireta: fica com a decisão do Supremo. O julgamento, antes de ser interrompido pelo ministro Gilmar, estava em 6 X 1 em favor da limitação da doação de grupos privados. Como são onze ministros no Supremo, o placar de 6 X1 é irreversível. A menos que o Gilmar Mendes considere que o seu voto vale de 3 a 6 votos dos demais ministros. Pela sua atitude arrogante e de desprezo da opinião dos demais ministros da Casa, vai ver que ele acha mesmo que seu voto vale muito mais.

Kenedy Alencar, comentarista da CBN, informou que 10 empresas representam cerca de 40% do total de todas as doações de campanha. Se os proprietários destes grandes grupos empresariais votam como pessoas físicas, com que direito (ou com que interesse) eles “influenciam” milhões de votos para seus candidatos com o poder dos milhões de reais da pessoa jurídica da qual eles são proprietários?

Estamos, os cidadãos deste país, sugerindo que o ministro aproveite que sexta-feira, dia 5 de junho, é um dia imprensado entre um feriado e um fim de semana e devolva o processo. Estariam todos distraídos com o feriadão e seria possível ao ministro devolver o processo sem ser notado. Tire os sapatos, entre na ponta dos pés, sem fazer alarde, e devolva o processo, ministro!

COMPLEMENTO:

Cheguei em casa, depois de um dia de trabalho, e vejo a TV ligada, transmitindo nova votação sobre o financiamento de campanhas por pessoas jurídicas (empresas). Trata-se de matéria que, todos pensavam, havia sido amplamente rejeitada na votação de ontem.

A política praticada na Câmara dos Deputados, especialmente sob a presidência de Eduardo Cunha, não é para amadores e inocentes.

O jogo de ontem não valeu. O time do dono da bola perdeu o jogo. A partida foi anulada. O jogo será novamente jogado, com sutis mudanças nas regras para que o resultado final não escape das mãos do dono da bola.

Publicar ou não publicar, eis a questão

Em novembro do ano passado, quando iniciei este blog, publiquei um vídeo de água jorrando dia e noite em uma obra na minha rua, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.

O vídeo foi feito após inúmeras tentativas de convencer a construtora responsável pelo rompimento do cano de água da rua a consertá-lo ou, pelo menos, a realizar um procedimento simples para diminuir o desperdício absurdo de água potável.

A informação passada pela PDG é que a responsabilidade pelo conserto era da CEDAE, a companhia estatal de águas do Estado do Rio de Janeiro.

Registramos – alguns vizinhos e eu – pedido de conserto na CEDAE, publicamos vídeos no site da PDG, no Facebook, neste blog e no Youtube. Esperamos três dias inteiros para que a CEDAE viesse realizar o conserto. Durante este tempo todo a água jorrou sem que a PDG tomasse qualquer providência. Na época, um leitor do blog manifestou sua opinião de que o blog não seria o meio apropriado para este tipo de assunto. Acho que ele imaginava tratar-se de assunto corriqueiro demais.

Hoje, ainda na parte da manhã, ao retornarmos do supermercado, minha esposa percebeu uma mudança fundamental na paisagem: a grande amendoeira do terreno da PDG havia sido derrubada. A motoserra trabalhava furiosa e apressada, cortando os galhos e troncos para facilitar o içamento.

Fui em casa, peguei a câmera e me preparei para algumas fotos. Ao me aproximar, ouvi um dos empregados da Biovert que era, aparentemente, a empresa encarregada da derrubada da árvore, cochichar com o colega ao lado: Ih, danou-se.

Embora alguns dos funcionários parecessem assustados e curiosos, não houve hostilidade. Havia um rapaz gravando um vídeo com celular e uma moça tirando fotos e gravando vídeo. Não ví ninguém da Prefeitura, devidamente identificado, com uniforme e crachá. Observei, somente, pessoas com uniforme da PDG e da Biovert.

Leia parte da peça publicitária da PDG no lançamento do empreendimento:

Localização:
Localizado em um lugar geograficamente bem situado, apenas cinco minutinhos da estação de metrô de Botafogo, área nobre  da Zona Sul carioca.
A Rua Ministro Raul Fernandes, é conhecida por ser arborizada e muito calma, sua proximidade com a orla da Praia de Botafogo e do Aterro do Flamengo, faz com que os moradores sejam privilegiados com um visual “cartão postal”, além de ser perfeito para quem gosta de passeios, caminhadas, corridas, vôlei e futebol de praia.

Irônico, não? Anunciam construção em uma rua arborizada e arrancam as árvores.

É, também, surreal ver uma empresa chamada Biovert/Vida verde arrancando amendoeiras saudáveis. Esta amendoeira não estava nem em centro de terreno, embora eu reconheça que a remoção da enorme e frondosa amendoeira vai permitir a construção de um número muito maior de apartamentos e aumentar os lucros da incorporadora e da construtora. O que questiono é a ausência da Prefeitura, a falta de informação quanto à licença para derrubada da árvore e, se devidamente autorizada, qual a compensação negociada com a Prefeitura. Veja, abaixo, as fotos.

Quem souber qual o procedimento legal para derrubada de árvores para construção, favor comentar.

Entendo que a publicação destas fotos e deste artigo é um gesto obrigatório de cidadania, mesmo que não venha a ter nenhum efeito prático pois a árvore já está no chão.

Restam duas esperanças:

As raízes não serão arrancadas e a árvore será recuperada no futuro ou haverá plantio de árvores em outros locais do terreno.

Com a palavra a PDG e a Biovert, para informações e justificativas.

 

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Pudor e compostura em falta na Belíndia

Parece que uma característica deste longo fim de século XX, que teima em não acabar (1), é a perda do pudor e da compostura. Pessoas bem estabelecidas na vida, experientes, com mais de 70 anos bem vividos, abrem a boca e confessam ou defendem cada absurdo!
Eu diria que beira à “bacharia”, mas este texto é para ser sério, não me permite este tipo de trocadilho infame.

Acho que a fama por ter sido o inventor do termo “Belíndia” subiu-lhe à cabeça e ele continua viciado na mesma onda.

Estou falando de Edmar Bacha, um dos autores do Plano Real.
Em julho de 2014, em entrevista ao Estadão comemorativa dos 20 anos do Plano Real, ele declarou: “O sucesso (do Plano Real) tem que ser relativizado. Obviamente, só o fato de não ter inflação já é um grande avanço. Estamos falando aqui que a gente conseguiu controlar a inflação, mas não conseguimos ter uma estratégia econômica que permitisse colocar o País no primeiro mundo”.

“Humilde”, este senhor acha que um grupo de economistas tecnocratas e sua brilhante estratégia econômica seriam capazes de colocar o país no primeiro mundo em 8 anos de governo; míope, ele não enxergou, até o hoje, o caos e os desequilíbrios causados nas vidas das pessoas naqueles anos de gestão econômica “brilhante”.

Depois desta longa introdução, entro, finalmente, no assunto. Em entrevista no jornal Valor Econômico de hoje, 22/05/2015, Bacha soltou as seguintes pérolas:

Valor: O que o senhor achou da votação em que o PSDB votou contra o fator previdenciário, criado pelo próprio governo FHC?

Bacha: … Não se pode pedir ao PSDB que seja governista. …. Por um lado reclama(m) que o PSDB não é oposição suficientemente forte, por outro, diz(em): “Vocês estão votando contra coisas que acreditam”.

Valor: A luta política está acima da coerência?

Bacha: …num certo sentido, você não chega lá se não tiver votos … Acho até que é pedir demais para uma oposição que ela se comporte tecnicamente de forma tão coerente.

Valor: Mas não é uma guinada do PSDB, que sempre se disse uma oposição responsável, em contraste com o comportamento do PT antes de ser governo?

Bacha: O partido tem que ambicionar chegar ao poder. E para se chegar ao poder tem que diferenciar o produto. ….

Valor: Mas em relação ao fim do fator previdenciário não há um consenso de que prejudica as contas públicas?

Bacha: Por que não propuseram junto idade mínima, por exemplo? Agora disseram que vão vetar e propor alguma solução. Agora que perderam? Eles que cuidassem da sua horta. ….
O Aécio disse, durante a campanha, que ia estudar o assunto, mas ia apresentar uma proposta alternativa – se presidente fosse. Agora, querer assumir o papel de governo, quando ele não é governo?

Valor: O Aécio se comprometeu em rever o fator previdenciário.

Bacha: (As pérolas que vêm a seguir merecem destaque): Com uma mudança no sistema previdenciário. Obviamente ele tinha isso na cabeça – mas não ia falar no processo eleitoral – que era ter uma idade mínima.

O compromisso do Aécio de mexer no fator previdenciário teve como um dos objetivos atrair o apoio do Paulinho da Força Sindical (do Partido Solidariedade). A segunda parte do plano do Aécio, que seria incluir uma idade mínima para compensar a eliminação do fator previdenciário, eles esconderam de todos os eleitores durante a campanha, como confessa despudoradamente Edmar Bacha e seria, provavelmente, uma espécie de “rasteira” eleitoral no Paulinho da Força e em todos os sindicalistas deste sindicato cooptado pela FIESP.

(1) Estamos no Século XXI, mas purgando os pecados do final do século passado quando a razão neoliberal entranhou-se nas almas e ganhou corações e mentes.

Shopping na Câmara: coerência

Não estou entendendo tanta má-vontade com a decisão da Câmara, na votação de ontem, aprovar a construção de um shopping. Pelo menos duas hipóteses podem justificar e mostrar a coerência da decisão:

1- Sendo a Câmara uma casa legislativa com alguns deputados rotineiramente envolvidos em negociatas, nada mais normal do que construir um shopping.

2- Vender e negociar no prédio da própria Câmara pega mal e denigre a imagem dessa casa legislativa. Criar um lugar específico, um shopping, para realizar as costumeiras negociatas, vendas, barganhas e transações é coerente e vai permitir que as atuais instalações da Câmara sejam usadas somente para fazer leis. As negociatas seriam desviadas e concentradas no novo shopping. Bem coerente, não acham?

Terceirização ampla, geral e irrestrita: Qual seria a posição do VPR e do MBL? (Revisado em 23/03/2017)

Publiquei o post abaixo em 25/04/2015 quando a Câmara aprovou o projeto de terceirização de Eduardo Cunha e sua turma. Se não estou confundindo tudo, e peço desculpas se este for o caso, este projeto, com “aperfeiçoamentos”, está no Senado Federal. Tendo observado as dificuldades encontradas no Congresso para aprovação da reforma da Previdência Temer, em conluio com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, “tirou um coelho da cartola” e colocou em votação, de repente, um antigo (de 1998) projeto de terceirização dos tempos do governo FHC, que havia sido aprovado no Senado então. Vi uma entrevista de Eunício Oliveira, atual presidente do Senado Federal (é isso mesmo, pasmem!), em que ele declara que o projeto aprovado na Câmara dos Deputados será sancionado por Temer e, posteriormente, será “complementado” onde houverem lacunas. Está confuso? É a pressa dos golpistas em destruir, o mais rápido possível, os seus direitos. Saem fazendo do jeito que dá, na calada da noite, enquanto estamos distraídos. Quando acordamos, o projeto de corte de direitos já está sancionado pelo capacho de plantão, colocado no poder para fazer este trabalho sujo. Vamos acompanhar os acontecimentos.

Em tempo: Assisti nova entrevista do presidente do Senado e uma matéria na TV sobre este assunto. As informações deste post, acima, estão corretas. Segundo o presidente do Senado, os senadores aprovarão o projeto de terceirização que está em análise e Temer decidirá quais artigos vetará. Segundo o repórter da Globo News já está tudo acertado por Romero Jucá com os sindicatos “chapa branca” e deverá prevalecer a versão aprovada no Senado. Este repórter “informa”que este “jeitinho brasileiro” – nas suas próprias palavras – foi necessário porque o governo Temer tem pressa em aprovar a lei das terceirizações e enviar o projeto aprovado no Senado de volta para a Câmara Federal atrasaria muito. Eles chamam de “jeitinho brasileiro”, eu chamo de patifaria.

Paulo Martins

Não se trata de provocação. Como deixei claro na declaração de princípios deste blog, nosso objetivo não é participar da degradação do debate político nem alimentar ódios e rancores ou incentivar a troca de desaforos e xingamentos. Trata-se de legítima curiosidade política.

Como se posicionam os movimentos Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre em relação ao projeto de lei aprovado na Câmara que permite a terceirização ampla, geral e irrestrita?

Pesquisei na internet e cumpri o doloroso dever de acessar os sítios destes partidos, digo, destes movimentos, na internet. Não ví nenhum posicionamento, nem claro nem escuro, de nenhum dos dois.

Tendo base tão heterogênea de apoiadores e sem intermediação partidária, como alegam seus líderes, fica mesmo difícil achar um senso comum e adotar um posicionamento claro e transparente.

Mesmo instrumentalizado pelo PSDB, antigo partido social-democrático, hoje diluído, que votou à direita do DEM (77% de votos favoráveis à aprovação do libera geral contra 75% do DEM), não será fácil ao VPR posicionar-se.

No PSDB, os principais entusiastas do projeto são políticos já conhecidos, com nome já estabelecido no cenário político nacional e, o que é mais importante, não dependem de emprego com carteira assinada. São políticos ricos ou que torna-se-ão ricos com as seguidas reeleições para novos mandatos. Os apoiadores do VPR, se acreditarmos em suas próprias palavras são, em grande número, assalariados. Uma parte destes assalariados podem ser, atualmente, terceirizados.

As condições para os atuais terceirizados são tão inseguras e degradantes, que eles podem achar que a nova lei trará alguns benefício. Mas o que pensam os membros do VPR, empregados com carteira assinada trabalhando  em empresas de médio e grande porte, sobre as perspectivas da nova lei? Apoiam? Analisaram criteriosamente as consequências de médio e longo prazos dos artigos nefastos da nova lei? O que recomenda o VPR aos seus militantes? Vão ficar em casa, tendo um projeto tão importante tramitando no Congresso Nacional? Não sabem o que pensar? Não têm nada para dizer? Estou curioso.

Quanto ao MBL, se for coerente, imagino que apoiará o projeto, integralmente. Mesmo seus militantes assalariados. Imagino que eles devem ter uma posição favorável aos seus patrões, mesmo em prejuízo próprio, pois pregam, em suas próprias palavras,  a LIBERDADE ECONÔMICA, um mercado livre de regulações abusivas e impostos escorchantes.

Acham que sonegação não é corrupção. Devem achar que sonegação é “legítima defesa da riqueza”… dos seus empregadores.

Gostaria de ver estes movimentos virem a público e apresentarem suas análises e interpretações detalhadas da nova lei e, principalmente, seu posicionamento claro. Estes grupos se pretendem tão importantes que apregoaram capacidade de levar para as ruas mais de dois milhões de apoiadores.  Falharam, mas isto não importa. O que não podem, em minha opinião, é adotarem posição em cima do muro: se são contra os trabalhadores, que se posicionem claramente a favor da nova lei e, se forem favoráveis aos trabalhadores, venham a público e se posicionem contra o rolo compressor do PMDB, do PSDB, do DEM, do PTB e do Solidariedade. Só assim poderão, talvez, vender camisas e brindes apregoando-se anti-partidários, apartidários ou suprapartidários e, não, subpartidários como parecem ser.

Amnésia Seletiva: Quem Esquece, Repete os Erros

Como observador interessado, sexagenário, estou muito preocupado com os cidadãos, de todas as idades, que irão tocar o barco daqui para a frente e construir este país.

Com pessoas que se digladiam para aumentar sua fatia do bolo, passando por cima dos outros, mesmo sem terem apetite ou fome, podemos construir uma bela pátria sonegadora, mas não vai dar para construir um país digno.

As nações enriquecem quando as memórias e os aprendizados – não só as técnicas, as tecnologias e os modos de produzir, mas os conhecimentos e os aprendizados humanos – são passados e absorvidos pelas novas gerações como importante legado.

O século XX foi um dos mais violentos da história da humanidade. As mazelas do século XX parecem ter sido herdadas pelo século XXI. Infelizmente, o colchão civilizatório que permitia uma certa redução dos danos e sofrimentos no século XX está sendo jogado no lixo neste século.

A humanidade saiu horrorizada da Segunda Grande Guerra Mundial e criou mecanismos para minorar o sofrimento. Entre estes, a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Hoje, o sentimento que ajudou a desenhar aquele novo arranjo de convivência entre os seres humanos, está ausente. As guerras e a violência tornaram-se lugares comuns.

O egoísmo e o individualismo tornaram-se o novo normal.

Os novos oráculos, regiamente pagos pela grande mídia, em ataque de amnésia seletiva, pregam como remédio único, como panaceia para todos os males do mundo, a política econômica neoliberal.

Ora, a capitulação ao mercado e ao consumismo levou a enormes desequilíbrios na economia, no meio-ambiente e a aumentos nos níveis de desigualdade de renda.

Mistificam quando não explicam que a política econômica neoclássica requer, para retomar o equilíbrio, níveis brutais de redução de salários e o desemprego. O equilíbrio, prometido para algum lugar no futuro distante, nunca chega.

Os tratados de paz assinados após as grandes guerras mundiais foram esquecidos.

Eric Hobsbawn, em seu livro de 1994, Era dos Extremos – O breve século XX – 1914 – 1991, publicou as opiniões de doze pessoas sobre o século XX. Selecionei algumas destas opiniões e as transcrevo abaixo:

Isaiah Berlin (filósofo, Grã-Bretanha): “Vivi a maior parte do século XX, devo acrescentar que não sofri provações pessoais. Lembro-o apenas como o século mais terrível da história”.

Rita Levi Montalcini (Prêmio Nobel, ciência, Itália): “Apesar de tudo, neste século houve revoluções para melhor […] o surgimento do Quarto Estado e a emergência da mulher, após séculos de repressão”.

Yehudi Menuhin (músico, Grã-Bretanha): ” Se eu tivesse de resumir o século XX, diria que despertou as maiores esperanças já concebidas pela humanidade e destruiu todas as ilusões e ideais”.

Leo Valiani (historiador, Itália): “Nosso século demonstra que a vitória dos ideais de justiça e igualdade é sempre efêmera, mas também que, se conseguimos manter a liberdade, sempre é possível recomeçar […] Não há por que desesperar, mesmo nas situações mais desesperadas”.

Para Hobsbawn, “a destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas – é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tornam-se mais importantes do que nunca no fim do segundo milênio”.

Passaram-se 20 anos desde que Hobsbawn observou esta mazela. Hoje, em 2015, tenho a sensação de que a situação está ainda mais grave: além da destruição do passado, aparece a amnésia seletiva e a volta das velhas ideias como se fossem remédios novos.

Pátria Sonegadora: Terceirização, Imposto de Renda e Swiss Leaks

Surgem, com frequência, casos de sonegação que não recebem o necessário destaque nos grandes meios de comunicação.

Não tenho nada contra os grupos empresariais que perseguem o lucro como fundamento de sua existência. Existem para remunerar os seus sócios, sejam grupos familiares ou sociedades por ações.

O que me incomoda são os conflitos de interesses entre essa perseguição de lucro e domínio de mercado – que eles são obrigados a entregar para seus acionistas – e a responsabilidade social e o bem comum.

O problema surge quando falta ética ou prevalece o argentarismo: neste caso, o conflito é insolúvel.

Em tempos de crise, a situação piora: estes grupos passam a exagerar na proteção aos seus interesses, deixando de lado o resto de escrúpulo.

Para os grandes grupos da mídia, proteger seus interesses significa proteger as empresas anunciantes e os legisladores amigos. Eles sempre precisarão de clientes e de políticos amigos.

Na pátria dos sonenagores, os objetivos dos meios de comunicação que perseguem lucros e poder de mercado convergem com os interesses dos anunciantes e de políticos amigos.

Na pátria dos sonegadores, a mesma empregada doméstica foi incluida para efeito de sonegação do imposto de renda em 502 declarações. Isto é um acinte. A Receita Federal descobriu esta fraude, mas existem centenas de outras fraudes que não são descobertas.

Foram encontradas no HSBC, de Genebra, na Suíça, 6.606 contas secretas, com 8.667 correntistas nascidos na pátria sonegadora, com bilhões de reais depositados, transferidos do Brasil.

Embora alguns desses correntistas possam vir a explicar a legitimidade dos recursos depositados nas citadas contas secretas, há necessidade de apuração imediata pela Receita Federal e pelo Ministério Público. Afinal, em 2006 e 2007, o valor depositado atingiu a soma astronômica de cerca de 21 bilhões de reais.

E estamos falando de apenas um paraíso fiscal, entre outros tantos.

À grande mídia empresarial não interessa lançar luz sobre o assunto: seja por terem representantes com seus nomes citados nas listas relativas às contas secretas, seja para proteger interesses de seus anunciantes e amigos.

Outro assunto que está clamando por esclarecimentos é o escândalo do CARF, no qual grandes grupos empresariais conseguiram transformar grandes dívidas tributárias em anistia ou pequenas dívidas.

Trata-se de esquema monstruoso, que trouxe grandes prejuízos ao país. E a grande mídia, com seus grandes conflitos de interesse, finge que não vê.

Ela, com seu poder de controle sobre a opinião pública, escolhe os temas e define a pauta que lhe interessa, visando sempre a proteção dos interesses, nem sempre legítimos ou éticos, dos seus proprietários.

Graça Foster, ex-presidente da Petrobras, era difamada todos os dias, em todos os noticiários e nas revistas semanais de opinião seletiva.

Nenhum dirigente dos grandes grupos beneficiários dos escândalos recentes – citei somente os casos dos últimos meses – foi procurado para explicar o assunto. Estes dirigentes, como representantes dos grandes anunciantes, são protegidos pela mídia empresarial dominante.

Servidores públicos federais não anunciam, não compram votos em campanha eleitoral, não remuneram lobistas. São presas mais fáceis. Serão, sempre, alvos preferenciais das campanhas da grande mídia. 

Funcionários e políticos de pequenas prefeituras do interior são bagrinhos. Pequenas prefeituras não têm recursos para anunciar nos grandes meios de comunicação, não têm poder político.

Concentrar as denúncias nessas pequenas prefeituras serve para desviar os assuntos e para poupar os grandes anunciantes que sustentam os meios de comunicação na pátria sonegadora.

Uma grande fonte de sonegação de tributos federais e de direitos trabalhistas é o instituto da terceirização. O assunto é atualíssimo e a universalização da terceirização, patrocinada pela Confederação Nacional da Indústria e pelos grandes partidos – com exceção principal do PT, do PSOL e do PC do B – está sendo votada neste momento. 

Vemos anúncios caríssimos, pagos pelos órgãos representativos dos interesses empresariais, no Jornal Nacional e em outros telejornais, e em revistas semanais e jornais, que mencionam apenas uma parte do projeto da terceirização.

Deixam de informar sobre a parte altamente prejudicial aos trabalhadores efetivos com carteira assinada e que gozam de um pacote de benefícios não disponível para os terceirizados.

A grande mídia empresarial se beneficia dos milhões de reais pagos pelos grandes grupos em suas campanhas publicitárias, além de se beneficiar como contratante de mão-de-obra terceirizada. Os conflitos de interesse destes grupos da mídia são evidentes.

A omissão, causada pelo conflito de interesses, a respeito da sonegação praticada pelas empresas terceirizadas e sobre os aspectos altamente prejudiciais da lei das terceirizações, é assustadora.

Mas é óbvia e coerente: trata-se de interesse de classe pois, afinal, estão todos no mesmo barco, são todos – a mídia empresarial e seus anunciantes – entidades empresariais de fins lucrativos.

O interesse prioritário é privado. Bem-comum, responsabilidade social, interesse da coletividade, combate à sonegação só entram na pauta contra inimigo, cachorro morto ou bagrinho.

Terceirização, Estelionato e Russeau

Publicado em 18/04/2015

É certo que o Presidente da Câmara de Deputados Federais, Eduardo Cunha, não informou aos eleitores, em sua campanha, que ele pretendia colocar em votação, em regime de urgência, o projeto de Lei das Terceirizações.

Este projeto, patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria, amplia de forma exagerada e prejudicial a terceirização. Publicamos, neste blog, dois artigos sobre as consequências desta lei, se aprovada como está.

O regime de urgência foi votado açodadamente, em sessão que avançou pela noite. Não houve discussão.

Cinquenta dos cinquenta e três deputados do PSDB votaram a favor do regime de urgência. Estava tudo pronto para votar o projeto na Câmara ainda nesta semana, antes que a sociedade e os trabalhadores prejudicados tivessem conhecimento do esbulho praticado contra os seus direitos trabalhistas.

Trata-se de verdadeiro ataque à CLT, este sim, um estelionato eleitoral, de consequências nefastas e duradouras.

O próprio PSDB, pressionado pelas suas bases eleitorais, assustou-se com a repercussão e recuou parcialmente. Rachou ao meio. Vinte e seis deputados recuaram e desistiram de apoiar o projeto como está.

Matéria publicada no jornal Valor, em 16 de abril, assinada por Raphael Di Cunto, informa que divisão no plenário levou Cunha a adiar a votação do projeto para a próxima quarta-feira. Segundo Di Cunto, houve um acordo entre o PT e o PSDB tornado possível por causa da pressão nas redes sociais sobre o PSDB, que deixou a bancada desse partido na Câmara dividida ao meio.

Carlos Sampaio, líder do PSDB-SP, reconheceu o erro na tentativa de aprovar o projeto antes que a sociedade e os trabalhadores diretamente envolvidos pudessem tomar conhecimento e discutir os evidentes prejuízos trazidos pela lei.  Segundo ele, “O partido está muito dividido, houve empate na reunião da bancada e por isso vamos liberar a bancada (sic)”. “…acho que a votação foi muito apressada na semana passada”. “Depois que os parlamentares tiveram mais tempo de estudar o assunto e ouviram comentários de entidades e críticas nas redes sociais”, mudaram de opinião.

É lamentável constatar que os nobres deputados votam sem saber o que estão votando, conforme confissão do próprio líder do PSDB.

Minha opinião é que eles sabiam muito bem o que estavam votando – ora, o projeto está na Câmara há onze anos – e só recuaram por causa da pressão da sociedade. Neste caso, o PSDB também já estava preparado para o estelionato eleitoral. O candidato do PSDB ao terceiro turno das eleições,  Aécio Neves, o extemporâneo, temendo desagradar os trabalhadores e prejudicar sua campanha no terceiro turno das eleições presidenciais de 2014, ainda em andamento, recusou-se a responder pergunta de repórter sobre sua posição em relação ao projeto de terceirização. Ficou em cima do muro. Neste caso, não se posicionar enfaticamente contra as partes prejudiciais do projeto significa apoiá-lo. De onde menos se espera, é dali mesmo que não sai nada de positivo. Aécio não iria descer do muro e desagradar a CNI. Afinal, a CNI reúne a nata dos empresários financiadores de sua campanha e das campanhas dos políticos amigos.

Somente o PSOL, o PT e o PC do B se recusaram, em bloco, a apoiar o regime de urgência para tramitação do projeto.

Para os demais políticos apoiadores do projeto, apresento texto de Russeau, publicado em 1755. Quem sabe um ou outro político novato resolva ler e seguir as recomendações do mestre.

Com a palavra, Russeau:
“Ao contrário, teria desejado, para deter os projetos interesseiros e mal concebidos e as inovações perigosas que por fim causaram a perda dos atenienses, que cada qual não tivesse o poder de propor novas leis de acordo com seu capricho; que esse direito pertencesse apenas aos magistrados; que eles mesmos o usassem com tanta circunspecção que o povo, por sua vez, fosse tão reservado em dar seu consentimento a essas leis, e a promulgação só pudesse efetuar-se com tanta solenidade que, antes que a constituição fosse abalada, tivesse tempo de convencer-se de que é sobretudo a grande antiguidade das leis que as torna santas e veneráveis …”
Entendeu, Cunha? Entendeu, Paulinho da Força? Entendeu, Carlos Sampaio?

Texto de Russeau, publicado em:

Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens

J.J. Russeau

Editora Martins Fontes – São Paulo – 2005