Na semana passada publiquei um texto de Boaventura Souza Santos intitulado “Para ler em 2050”. No excelente artigo ele avança 35 anos e analisa, olhando para hoje, as mazelas do nosso tempo. Uma das mazelas citadas no texto é a manipulação da opinião para transformar em interesse público o que é, na verdade, interesse privado.
Esta é a frase pinçada do texto:
A opinião pública passou a ser igual à privada de quem tinha poder para a publicitar.
Acesse aqui o texto completo do artigo do Boaventura: http://wp.me/p5ihlY-M1
Vamos ao assunto desde post.
O anúncio da criação de uma contribuição interfederativa, temporária, destinada exclusivamente aos gastos com a saúde, a ser repartida entre os entes federativos e a viger por quatro anos, mereceu verdadeiro bombardeio do oligopólio de comunicação Organizações Globo.
Considero a CIS – Contribuição Interfederativa da Saúde excelente ideia. Estados e Municípios estão com suas finanças em situação caótica e o SUS – Sistema Único de Saúde, em situação de penúria na grande maioria dos Municípios.
Por motivos exclusivamente particulares os donos do oligopólio Organizações Globo, em vez de apresentar os prós e contras do projeto para permitir um debate amplo e honesto sobre o assunto, no interesse do bem-comum, distorce a comunicação e manipula a notícia para atender aos seus interesses particulares travestidos de interesse público.
Na edição de ontem o Jornal Nacional direcionou seu canhão contra a CIS – Contribuição Interfederativa da Saúde. Entrevistou verdadeiros “especialistas” no assunto para falar contra a proposta. As sumidades do mundo acadêmico e econômico-financeiro consultadas foram: Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Paulo Skaff e, se a memória não me falha, o sempre “sábio”, Álvaro Dias.
A chamada do âncora William Bonner para a matéria foi escandalosa.
Pretendo escrever outros posts sobre o assunto para apresentar os prós e contras e esclarecer, tanto quanto possível, o funcionamento deste novo tributo.
Não tenho dúvidas: a campanha contra a Contribuição da Saúde será forte, simplista e emburrecedora, a exemplo do que ocorreu na implantação do programa Mais Médicos.
Infelizmente.
Como sempre.
Paulo Martins