Para não dizer que não falei de flores (2)

Parte dois. Onde dou conta da minha visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro e de outros acontecimentos dignos de pena ou enjôo.

Visitei o orquidário, tirei fotos. Observei toda a estrutura de apoio operacional do Jardim Botânico, da fiscalização de entrada na parte paga até a limpeza e conservação dos jardins e das árvores, tudo executado por profissionais terceirizados de empresa privada contratada.

Banheiros limpos, faltando papel para enxugar as mãos. Normalmente, este item consta do contrato de terceirização. Se falta, o órgão público contratante pagou e não recebeu. Poucas visitas no parque. Banheiro masculino com mármore pixado. A frase chamou a atenção:

DSC06118.JPGNa banca, jornal “das Organizações” informa que “Frustração de receita ultrapassa 30 bilhões de reais”. Em outros tempos, ainda recentes, a notícia destacaria o fato de que a política econômica – o tal estelionato eleitoral- causou recessão e afundou a economia. Agora, no jogo de palavras do jornalismo açougueiro nacional, virou simples “frustração”. Haja má-fé.

Fui a uma agência de viagens pesquisar preços para roteiros nacionais no fim de ano. Aguardando a vez uma senhora, aparentemente solitária, uns 55 anos. O diálogo que se estabeceu ilustra o fuzuê no qual estamos metidos neste belo país.

Ela: (falando baixo, quase como se tivesse falando sozinha) Será que esta agência de viagens é boa?

Eu: Não sei. É uma das maiores. Eu usei seus serviços há uns 20 anos, em Fortaleza, quando viajei com os meus filhos e minha esposa. A parte aérea fizemos com uso de milhas e contratamos uns passeios para o Parque das Águas e para Canoa Quebrada. Funcionou bem.

Ela: Nas minhas últimas viagens, viajei pela Abreu. É boa. Helsinque, São Petesburgo e Moscou.

Eu: Gostou?

Ela: Não.

Eu: Por que?

Ela: A comida era horrível e só falavam de comunismo.

Pensei com meus botões: como uma pessoa escolhe viajar para São Petesburgo e Moscou e não pode ouvir falar em comunismo. Antes que eu perguntasse alguma coisa, ela emendou:

  • a outra viagem foi para Berlim, Áustria, Grécia e Turquia. Também pela Abreu. A TAP extraviou minhas malas e fiquei dois dias passando frio.

Eu: Viena?

Ela: gostei de Berlim, do muro …

Eu: não quis ir a Munique?

Ela: Não fazia parte do pacote. Não gostei da Grécia. Adorei a Turquia.

Antes que eu perguntasse sobre a Grécia, sobre o Siriza e sobre o Veroufakis, fui chamado pela atendente. Felizmente. Eu já estava afinando meu discurso. Embora eu tenha consciência que não se ganha nada discutindo com pessoas que parecem girar em outra órbita, em um mundo próprio, alheias da realidade que as cerca e que engolem qualquer coisa, tais como: extraviaram minhas malas, fiquei dois dias passando frio, mas a agência de viagens é boa. O “governo” Temer é pior que o governo da Dilma, mas é melhor assim.

Alegrem-se.Estão chegando as flores. Pé de Grumixama no quintal de Pendotiba explodindo em flores. Os pássaros adoram, mas as famílias de micos-estrela chegam primeiro e comem tudo, antes mesmo dos frutos completarem o seu ciclo de crescimento.

Há muitos anos, quando os micos-estrelas ainda estavam sob controle, ví, no Jardim Botânico, pássaros com o fruto maduro da Grumixama no bico.

Olha aí a foto do predador:

image

E, aqui, a grumixama e suas flores:

Deixe as flores. Vão precisar para as passeatas pacíficas que vão consertar o país. O dinheiro, pode ficar para você. O dono não vai poder aparecer. Não é mesmo, “meninos amarelos” ? (*)

(*) Ouça a gravação do açougueiro bêbado para entender.

MUNDO PIG: Líderes da base de apoio ao governo Temer entregam manifesto de apoio a Geddel

Este é o primeiro artigo da nova seção do blog. O título desta nova seção é MUNDO PIG. No caso do ministro Geddel, por duplo motivo: por se tratar de matéria de um jornalão PIG e pelo apelido que o homenageado ministro recebeu do saudoso Renato Russo.

Os golpistas perderam a vergonha de vez e acham que têm um cheque em branco para fazer qualquer coisa, na frente de todo mundo e ainda caem na gargalhada, debochando de todos.

Paulo Martins

22/11/2016 18h26 – Atualizado em 23/11/2016 08h14
Líderes da base entregam manifesto de apoio a Geddel
Chefe da Secretaria de Governo foi acusado por ex-ministro de pressioná-lo.
Temer já disse que Geddel fica no cargo; comissão de ética abriu processo.
Luciana Amaral
Do G1, em Brasília
FACEBOOK
Líderes de partidos que compõem a base de apoio ao governo do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados entregaram no início da noite desta terça-feira (22), no Palácio do Planalto, um manifesto de apoio ao ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

Responsável pela articulação política governo, Geddel está envolvido no episódio que levou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a pedir demissão do cargo, na semana passada.

Após pedir demissão, Calero disse, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e em um ato com artistas no Rio de Janeiro, que o motivo principal de sua saída foi a suposta pressão que sofreu de Geddel para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao Ministério da Cultura, liberasse um empreendimento imobiliário de alto luxo no centro histórico de Salvador.

Geddel comprou um apartamento nesse empreendimento e, embora admita conversas com Calero, o ministro nega que tenha havido pressão.

“Nós, líderes e vice-líderes da base de governo do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, vimos, por meio deste, externar nosso amplo e irrestrito apoio e confiança no trabalho que vem sendo realizado pelo ministro Geddel Vieira Lima”, diz o manifesto (veja o documento ao final desta reportagem).

“Consideramos que o ministro está conduzindo a pasta de maneira técnica, competente e tendo como premissa maior o diálogo, sendo também um dos protagonistas das sucessivas vitórias que o atual governo vem obtendo nesse parlamento”, acrescenta.

Repercussão política
Nesta segunda (21), a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu abrir um processo para investigar a conduta de Geddel no episódio denunciado pelo ex-ministro da Cultura.
Órgão vinculado à Presidência, a Comissão de Ética fiscaliza eventuais conflitos de interesse envolvendo integrantes do governo. O colegiado não tem poder para punir nenhum servidor público, entretanto, como é um órgão consultivo do presidente da República, pode recomendar ao chefe do Executivo sanções a integrantes do governo, entre as quais demissões.
Antes mesmo de a comissão analisar a denúncia contra Geddel, o Palácio do Planalt, porém, o já adiantou que o ministro da Secretaria de Governo não será demitido. Em um pronunciamento, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse nesta segunda que Geddel permanecerá no cargo.
Em uma entrevista que concedeu em maio ao Fantástico, dias depois de assumir interinamente a Presidência da República, Michel Temer afirmou que havia alertado seus ministros de que se algum deles não agisse “adequadamente” seria demitido.
“Se houver um equívoco, ou equívocos administrativos, e no particular, se houver irregularidades administrativas, eu demito o ministro”, disse Temer na entrevista concedida em maio.
saiba mais
Blog do Camarotti: Geddel chora ao receber apoio de líderes
‘Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo’, diz Maia
Nomeação de Roberto Freire para a Cultura é publicada no ‘Diário Oficial’
Maia e Renan
Além de angariar manifestações de apoio dos líderes da base na Câmara, Geddel Vieira Lima também obteve nesta terça-feira a sinalização de que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estarão ao seu lado durante a tempestade política.
Em uma entrevista coletiva em São Paulo, Maia defendeu a permanencia de Geddel no primeiro escalão.
“Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo”, disse o presidente da Câmara, após participar de uma palestra a empresários na capital paulista.
“O ministro Geddel tem apoio do parlamento, tem confiança do parlamento, tem exercido papel fundamental para o governo na articulação política”, complementou.
Maia disse ainda que “tráfico de influência não é bom”, mas ressaltou que, na opinião dele, isso não ocorreu no episódio envolvendo Geddel e Calero.
Já na visão do presidente do Senado a acusação contra o ministro é um “fato superado”. Renan ressaltou que, para ele, houve uma “interpretação indevida” dos fatos e, neste momento, é preciso deixar as denúncias para trás. “E que a convergência seja novamente construída”, destacou.
O presidente do Senado também negou que o fato vá atrapalhar a aprovação de matérias de interesse do governo.
“Esse episódio, primeiro, é um episódio superado. Segundo, não vai afetar a perspectiva que nós temos na apreciação das matérias no Senado Federal. O que nós temos é que avançar nas reformas, não só essas reformas que estão aí, mas as outras reformas que estão tramitando, para que nós possamos no curto espaço de tempo retomar o crescimento econômico do Brasil.”

Sobre a revisão da meta fiscal – ministro Nelson Barbosa

O governo do usurpador interino divulgou uma revisão da meta fiscal para o ano de 2016, repito PARA O ANO DE 2016, período de janeiro a dezembro de 2016, aumentando o déficit orçamentário de R$ 96 bilhões estimado pelo governo Dilma para R$ 170,5 bilhões.
O portal G1, das Organizações O Globo, assim anunciou este assunto:
23/3/2016:
“Governo (Dilma) muda proposta e quer aval para rombo fiscal de até R$ 96 bilhões.”
20/5/2016:
“Governo (Temer) quer permissão para rombo fiscal de até R$ 170,5 bilhões em 2016.”

Este aumento do déficit fiscal, que os meios de comunicação fazem questão de chamar de “rombo”, como tática para justificar o desmonte da rede de proteção social e o ataque à previdência, é uma esperta tática do governo do usurpador interino, com dois objetivos:

Primeiro: Fixar na opinião pública a ideia de que o tal “rombo” seria uma herança maldita deixada pelo governo Dilma. Ora, o governo Dilma foi golpeado em 11 de maio de 2016 sendo responsável por apenas 4 meses e 11 dias do ano de 2016. Os restantes 7 meses e 19 dias de “rombo” deverão ser responsabilidade do governo do governo Temer/Cunha, se eles continuarem responsáveis pela condução do país até 31/12/2016.

Coerente com esta tática sórdida, o governo usurpador acionou sua máquina de publicidade e escalou ministros interinos inescrupulosos para vender a ideia que o “rombo” que este governo ilegítimo vai gerar até 31 de dezembro de 2016 é todo responsabilidade do governo Dilma. Leia a notícia publicada por um blog golpista hospedado no UOL Notícias (e eles ainda têm coragem de chamar este trabalho sujo de notícia!):
“Geddel: Dilma deixou rombo de R$ 200 bilhões”

Segundo: Aumentar absurdamente o déficit fiscal esperado, de R$ 96 bilhões para R$ 170,5 bilhões serve como uma espécie de cheque especial. Se tudo der errado na política econômica do governo interino e o déficit realmente explodir, eles contarão com um aval do Congresso e poderão alardear que cumpriram a meta fiscal. Pura desfaçatez.

O texto do ministro Nelson Barbosa, técnico, detalhado e ponderado, explica e esclarece muito bem o assunto.

A grande mídia governista/golpista não enfatiza estes pontos. Ao contrário, desinforma e ajuda a manter o grande público na sua eterna ignorância. Assim lhes convém.

Leia com atenção para falar deste assunto com conhecimento de causa.

Paulo Martins – dialogosessenciais.com

SOBRE A REVISÃO DA META FISCAL

Por Nelson Barbosa – Ministro da Fazenda do Governo Dilma Rousseff

A equipe econômica, ao definir a nova meta de resultado primário para 2016, manteve, na sua essência, a estratégia de política fiscal anunciada no início do ano e encaminhada ao Congresso Nacional por meio do PLN01/16.

De forma idêntica ao anunciado em março, o governo em exercício novamente solicitou ao Congresso espaço para acomodar frustrações de receita, pagar investimentos e manter ações emergenciais. As estimativas e parâmetros que fundamentaram a decisão foram novamente atualizadas pelas equipes técnicas do Tesouro Nacional, Receita Federal e Secretaria de Orçamento.

O valor dos recursos a serem descontingenciados na proposta do governo provisório é o mesmo apresentado em março: R$ 21,2 bilhões. Também é igual o valor destinado ao PAC (R$ 9 bilhões), à Defesa (R$ 3,5 bilhões), à Saúde (R$ 3,0 bilhões) e às transferências da Lei Kandir (R$ 1,95 bilhão).

A apropriação da proposta do PLN01/16 pelo governo interino evidencia a necessidade de flexibilização da meta de resultado primário no curto prazo para que se mantenham os investimentos públicos, as despesas essenciais do governo e a acomodação das frustrações de receitas que têm se mostrado crescentes em função da queda do nível de atividade econômica.

Em relação a proposta anunciada em março, as principais modificações da proposta anunciada na sexta, 20 de maio, estão concentradas em três pontos:

1) A revisão dos parâmetros macroeconômicos, que afetou as projeções de receitas e despesas, faz parte dos trabalhos normais de revisão da programação fiscal realizado periodicamente pelas equipes técnicas dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. Cabe ressaltar que foi mantida a estratégia adotada, desde o final de 2014, de basear as projeções do governo em parâmetros de mercado. Nesse ponto não houve, portanto, nem mais nem menos realismo por parte do governo provisório.

2) A decisão de retirar das estimativas de receita e despesa valores relacionados a projetos em tramitação no Congresso Nacional, como a PEC da CPMF e o PL 4495/16, que aperfeiçoa o pagamento de precatórios por parte da União, ou medidas administrativas que poderiam ser implementadas imediatamente pelo governo, como a melhoria de gestão na Previdência e na concessão de benefícios assistenciais de prestação continuada.

3) A decisão de incluir um teto para os passivos contingentes decorrentes da renegociação das dívidas dos estados. Na proposta apresentada em março, a iniciativa já constava como uma das possibilidades de redução da meta fiscal, mas não tinha sido fixado um valor máximo para o impacto fiscal dessa renegociação devido à incerteza política e econômica de tal processo.

Com base nos fatos acima, a nova proposta de redução da meta fiscal dá continuidade à estratégia de flexibilização da política fiscal anunciada pelo governo no início desse ano, por ocasião da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em janeiro, iniciada com a abertura do orçamento, em fevereiro, e formalizada através do envio do PLN01/16, ao Congresso Nacional, em março.

Porém, a elevação substancial da previsão do déficit primário previsto para 2016, sem a apresentação de medidas para reduzi-lo, acabou por transformar a meta fiscal em um “piso fiscal”. Na prática, como dito pelo Ministro do Planejamento na entrevista coletiva, a meta de déficit de R$ 170,5 bilhões constitui um valor máximo para o déficit primário, ou seja, um valor capaz de acomodar os cenários mais pessimistas de frustração de receita e aumento de despesas.

Para facilitar a comparação entre as duas propostas de redução da meta, a tabela 1 apresenta um resumo dos principais números apresentados em março e maio.

Com base na tabela 1 a nova meta de déficit de R$ 170,5 bilhões corresponde a uma redução da R$ 196,5 bilhões em relação à meta vigente, que é de um superávit de R$ 24,0 bilhões.

A redução de R$ 196,5 bilhões da meta fiscal anunciada na sexta-feira, 20, pelo governo provisório contempla os R$ 120,7 bilhões já incluídos na proposta de redução da meta apresentada em março.

Sobre a redução adicional de R$ 73,8 bilhões, cabe ressaltar que a proposta apresentada em março também incluía a possibilidade de redução da meta por passivos contingentes decorrente da renegociação das dívidas estaduais, mas sem especificar um valor. Na proposta anunciada ontem isso foi incorporado, mas com a definição de um teto de R$ 19,9 bilhões.

A “novidade” da proposta atual consiste, portanto, em reduzir a meta fiscal desse ano em mais R$ 53,9 bilhões, sendo R$ 25,9 bilhões decorrentes da redução adicional de projeção de receita líquida e R$ 28 bilhões do aumento da projeção de despesas obrigatórias, em grande parte, decorrente da não incorporação de medidas em tramitação no congresso nacional.

Em contraste com os R$ 170,5 bilhões de piso para o déficit primário da União anunciados pelo governo interino, a média das expectativas de mercado, levantadas pelo Ministério da Fazenda, aponta para um déficit de R$ 104 bilhões nesse ano1. Esse valor é compatível com a proposta de redução da meta apresentada ainda em março, acrescida do impacto da renegociação das dívidas estaduais.

Independentemente das diferenças de projeções e avaliações sobre o cenário fiscal de 2016, é significativa a opção do governo por seguir a estratégia fiscal anunciada no início desse ano, qual seja: combinar a flexibilização da política fiscal no curto prazo com reformas fiscais de longo prazo que diminuam o crescimento do gasto obrigatório da União.

As propostas de março foram apresentadas e encaminhadas ao Congresso Nacional por meio do PLN01/16 e PLP257/16, de forma transparente e realista, com base nos parâmetros macroeconômicos estimados à época – cabe ressaltar que realizados com a mesma qualidade e rigor técnico inerente às equipes que permanecem no comando das principais secretarias do Ministério da Fazenda e do Planejamento.

Apesar de urgente, o debate sobre a mudança da meta fiscal foi bloqueado ao longo dos primeiros meses de 2016 pela crise política, que não permitiu, sequer, a instalação da Comissão Mista de Orçamento pelo Congresso.

Neste momento tudo indica que parlamentares que antes se posicionavam contra qualquer revisão da meta fiscal e de projetos importantes para a gestão fiscal irão abrir mão dos debates e audiências públicas para aprovar a mudança da meta em tempo recorde.

A aprovação da mudança da meta fiscal é necessária e urgente para evitar o contingenciamento total das despesas discricionárias da União, que nada ajudaria a economia brasileira nesse momento de redução da atividade econômica e acabaria por prejudicar a prestação de serviços públicos essenciais à população.

O que é curioso no momento atual é a mudança súbita de interpretação política sobre a mesma estratégia fiscal apresentada no início desse ano. Diante dessa mudança, não causa surpresa que a atual equipe econômica tenha que relançar a mesma proposta fiscal apresentada em março como uma “novidade”, como uma nova era de “realismo fiscal”.

Na verdade, o realismo fiscal e a mudança de foco do ajuste fiscal para a reforma fiscal já estão em prática desde o início desse ano.

A diferença, agora, é que a equipe econômica decidiu rebaixar excessivamente as expectativas sobre o resultado fiscal para que, de hoje em diante, a adoção de qualquer medida que melhore as finanças públicas, mesmo aquelas já propostas pelo governo no final de 2015 e início de 2016, sejam retratadas como “novidades” ou “avanços” por parte do governo interino.

Independentemente da retórica política que se adote, uma análise imparcial dos números apresentados ontem indica que a meta fiscal se transformou num piso fiscal, uma espécie de “cheque especial” de até R$ 170,5 bilhões que permite uma redução substancial de receitas e um aumento também substancial de despesas, e que dificilmente deixará de ser cumprido.

(1) Prisma Fiscal de Abril/16, disponível em: http://www.spe.fazenda.gov.br/prisma-fiscal.