De Jean Wyllys para Miriam Leitão

De Jean Wyllys para Miriam Leitão:

1) Sou jornalista. Trabalhei quase dez anos em mídia comercial. E uma coisa que sei dos medalhões do jornalismo no Brasil é que são corporativistas e não gostam de ser criticados.

2) Quase toda imprensa comercial no Brasil é historicamente antipetista e muitos dos seus medalhões trabalharam no limite da fake news contra o PT e seus governos.

3) Boa parte da imprensa comercial no Brasil e seus jornalistas medalhões participaram do golpe mascarado de impeachment contra Dilma Rousseff e insuflaram o antipetismo.

4) Boa parte da imprensa comercial brasileira passou pano sobre às violações de direitos perpetradas pela Lava Jato e transformou os medíocres Sergio Moro e Dallagnol em heróis.

5) A Globo News, por exemplo, raríssimas vezes deu espaço a uma perspectiva diferente do problema da corrupção tratado pela Lava Jato com seu justiçamento e desrespeito à prerrogativa de inocência.

6) A maior parte da imprensa comercial empoderou e deu voz a gente do quilate de Joyce Hasselmann e Kinta Katiguria, par ficar só em dois nomes, além de insuflar as manifestações verde-e-amarelas de tom fascista.

7) A maior parte da imprensa comercial praticamente IGNOROU DELIBERADAMENTE a escalada de violência política contra o PT e as esquerdas durante o ano de 2018.
😎 Boa parte da imprensa comercial construiu uma narrativa que equiparava @Haddad_Fernando a Jair Bolsonaro, como se se tratasse de candidatos do mesmo nível. Enquanto amaciava a abordagem sobre Bolsonaro, endurecia o discurso contra Haddad.

9) William Bonner ouviu Bolsonaro mentir sobre o “kit gay” (seu delírio) em cadeia nacional e não lhe desmentiu, tomou a mentira como verdade; e lhe foi bastante ameno.

10) @MiriamLeitaoCom foi obrigada a ler um ponto diante dos ataques de Bolsonaro à Globo, por esta ter apoiado à ditadura, numa das cenas mais constrangedoras já vistas na tevê. Não houve reação espontânea ao elogio do fascista ao torturador!

11) Diante de tudo isso, @MiriamLeitaoCom ainda vem se fazer de “indignada” por eu ter criticado, com respeito, sua tardia conclusão de que Bolsonaro é incompetente e ter dito que ela pavimentou seu caminho até a presidência.

12) Ora, @MiriamLeitaoCom , você pode ser esquecida, mas burra não é: e você sabe que quando disse “você” estava me referindo à imprensa comercial da qual você faz parte, que, sim, pavimentou o caminho de Bolsonaro à presidência.

13) É compreensível que medalhões do jornalismo comercial – uns com talento, outros não – ajam de maneira corporativista e venham me atacar. Não tenho medo de nenhum de vocês: nem dos jornalistas de fato nem dos ratos de redação.

14) O que não vou deixar, @MiriamLeitaoCom , é que pessoas como você na imprensa comercial e os milhões de eleitores que votaram nesse escroque posem de ingênuos ou desavisados em relação ao que ele é sempre mostrou que é. Não vou deixar.

15) Quem chocou o ovo da serpente foram vocês. Assumam seu monstro agora. É mais digno. Nós avisamos. Eu sigo com a minha arma em mente: e a minha arma, @MiriamLeitaoCom e demais colegas da imprensa comercial, é o que a memória guarda.

Fonte: twitter do Jean Willys

Febre amarela na Alemanha ou nos EUA

18/01/2018

Revisado em 19/01/2018

Acordei hoje pela manhã de um coma profundo que durou quase 3 anos.

Leio os jornais e não acedito. Temer na presidência; Cunha, supostamente preso, comandando o governo central mediante indicação de ministros e de comparsas para inúmeros cargos federais.

Temer está sendo chantageado por todos os conspiradores do golpe, até mesmo por um que diziam há três anos tratar-se de um defunto político. Pois este defunto  espera poder enterrar a Justiça trabalhista a partir da indicação da sua filha e de afilhados partidários para cargos no Ministério do Trabalho.

Por incrível ironia do destino o sobrenome da pessoa indicada pelo defunto político para assumir o cargo de Ministra, ou  seja, para enterrar o Ministério do Trabalho, é Brasil. E o partido que o defunto político comanda se intitula PTB – Partido Trabalhista Brasileiro.

Para aumentar meu espanto, o defunto, em meio às discussões sobre a impropriedade ou mesmo a ilegalidade de condenada pela Justiça trabalhista assumir o cargo de Ministra o Trabalho declara, do alto de seu posto de comando do Partido Trabalhista, que não sabe para o que servem a Justiça Trabalhista e o Ministério do Trabalho.

Surreal demais para um reles redivivo como eu.

Sempre achei que nossa vocação como país, desde a “descoberta”, era esta mesma: Brasil destruindo o Brasil. Uma espécie de auto-implosão, de suicídio coletivo à Jim Jones.

Havia, antes do acidente que me levou ao coma, uma onda de patos amarelos que eu julgava letal para a democracia. Ao acordar, percebo que a onda, por falta de verbas para vacinação e por falta de capacidade gerencial, transformou-se em uma febre, também letal que, em vez de matar a democracia para matar pessoas, faz o trabalho diretamente, sem etapas intermediárias: mata as pessoas.

Na banca de jornal, leio uma notícia na primeira página de uma mídia publicitária, apresentada em formato de jornal diário, sobre o surto de febre amarela.

 Desinformado em função do longo período em estado de letargia leio na banca de jornal, sem entender, na página principal, em letras garrafais:

                                                    “FEBRE AMARELA”

                       “País reduziu em 33% verbas para prevenir epidemias”

         “Em 2017, repasses a estados e municípios totalizaram R$ 20 milhões”

Não consegui dar com o sentido da palavra “país”, no início da manchete. Parece deslocada, fora de lugar. Sabedor que a imprensa venal brasileira especializou-se em esconder a verdadeira informação por trás de letras garrafais em jornal de ampla circulação, pensei ser esta a primeira pista para decifrar o título.

Logo fui assaltado por uma dúvida. Assaltado …  mais uma indicaçação sobre qual país seria, ao mesmo tempo, vítima deste infame tratamento sobre a área de saúde e seu agente causador.

Seria este tal país a Alemanha, que teria diminuído as verbas para o combate à febre amarela em função da erracadição da doença, ou os Estados Unidos, agora assolado por pragas, como a eleição de Trump, os assassinatos em série e o aumento da desigualdade de renda e de riqueza, que atingiu nível de epidemia, necessitando desviar recursos da saúde para construir o muro da vergonha na fronteira com o México?

Ou seria um outro país, muito mais próximo, a que a enigmática notícia se refere? O país de Temer, Meirelles, Illan, Steinbruch, Reichlo, Aécio, família Marinho e Maluf?

Lento, demorei a perceber que ao usar a palavra “país”, o engenhoso editor do jornal tentou esconder os verdadeiros autores deste crime e colocou todos nós, o país todo,  no lugar da equipe econômica e dos golpistas culpados. De acordo com o jornal, todos nós, os 208 milhões de brasileiros que compomos esta entidade chamada “país”, somos os culpados pela redução dos repasses de verbas para prevenir epidemias e cuidar da saúde das pessoas.

E eu pensando que o tal país era vítima e o jornal deixando claro que o país é, na verdade, o criminoso, o causador da tal epidemia.

Não ví nenhuma contestação sobre esta matéria jornalística. Como tenho assistido nos telejornais concorrentes o mesmo comportamento, estou assumindo que a prática de esconder o nome dos verdadeiros culpados pelas tragédias nacionais, ede considerar as vítimas como as verdadeiras culpadas, naturalizou-se e é aceita por todos.

Foi ele. Prendam o país.

Paulo Martins


A grande mídia se cala e o monstro passa, por Gabriel Priolli

A Grande Midia se cala e o Monstro (Boçalnazi passa )!

A PM contra os direitos humanos e a mídia contra os fatos
A imprensa dita liberal criou o monstro reacionário. Será engolida como foi no passado, se continuar fingindo que ele não existe.
Por Gabriel Priolli

O que é notícia, atualmente, para a grande imprensa brasileira? Que fatos devem ser noticiados ou ocultados do conhecimento público?
Cerca de cem policiais militares, muitos deles fardados, compareceram na sexta-feira, 11 de agosto, ao campus da Universidade Federal de São Paulo em Santos. Foram participar de uma audiência pública convocada pelo Conselho Estadual da Condição Humana.

Em pauta, a discussão do texto para o Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos.

A presença incomum de tantos policiais no campus chamou a atenção de professores e estudantes para a audiência pública, que foi pouco divulgada. E eles decidiram participar, com tanto direito a isso quanto os PMs tinham.

Mas os policiais não gostaram dessa adesão de última hora da comunidade acadêmica. Tentaram impedí-la, argumentando que alunos e professores não participaram do debate desde o começo.
Os acadêmicos insistiram e foram insultados e intimidados pelos policiais. Foram chamados de “vagabundos”, fotografados e filmados. “Depois morre e não sabe porque”, ouviram dos PMs.

Os policiais defendiam “direitos humanos aos humanos direitos”, mudar a nomenclatura Ditadura Militar de 1964 para Revolução, e retirar a discussão de gênero das escolas, entre outras pepitas do ideário ultraconservador.

Na votação do texto, graças à pressão dos PMs, foram aprovadas a supressão de qualquer referência a direitos humanos no plano estadual e da obrigação de formar agentes de segurança pública com base nos princípios dos direitos humanos.

Não por acaso, parte dos policiais ostentou cartazes pregando “Bolsonaro 2018”. E não por acaso, o deputado militarista, defensor de todas as causas reacionárias do universo, agora está isolado no segundo lugar da corrida presidencial do próximo ano, despontando como o candidato anti-Lula na eleição.

Até o momento deste comentário, o ocorrido na UNIFESP não é assunto na grande imprensa. Apenas o portal UOL deu notícia dele, quatro dias depois.

Se o ocorrido em Santos não é pauta para uma imprensa que se diz liberal e se entende progressista, fica impossível saber com quais critérios ela opera agora. O avanço do autoritarismo em todo o país, que se expressa claramente no avanço de Bolsonaro, ainda não mereceu nenhum debate na grande mídia, nem, muito menos, a obstrução esperável.

Apenas a blogosfera de esquerda tem denunciado essa ameaça crescente à democracia. Foi ela que noticiou o incidente de Santos.
Atacar Trump, o reaça americano, no conforto da distância, é muito fácil e talvez acalme a consciência da grande imprensa. Difícil é conter os impulsos fascistóides de milhões de brasileiros, que foram despertados justamente pelo seu jornalismo de campanha, anti-PT e antiesquerda em geral.

A imprensa dita liberal criou o monstro reacionário. Será engolida como foi no passado, se continuar fingindo que ele não existe.

 

Cínicos, canalhas e a farsa do golpe

Sobre o depoimento de um informante indicado pelos senadores favoráveis ao impedimento da presidente Dilma, um amigo de Facebook postou o seguinte comentário:

“Tive o desprazer de ouvir hoje o depoimento de Julio Marcelo, membro do Ministério Público de Contas. O cobertor do direito ficou curto para cobrir os propósitos políticos que o pautam.

Em relação à acusação das “pedaladas”, ele se dá ao direito de contrariar os fatos apurados pela perícia do Senado. A perícia afirma que os atos correspondentes às “pedaladas” sequer passavam por Dilma. Para Julio Marcelo isso é irrelevante. Não que ele tenha reunido qualquer prova de que o processo decisório fosse distinto. Apenas acredita que fosse distinto. Senti-me em Salem, sendo vã torcida para a bruxa.

Em relação à acusação dos Decretos, ele diz defender apenas o regime de competências estabelecido na CF: se o Congresso tivesse ampliado a meta de superávit não haveria problema. Dilma deveria ter pedido pressa ao Congresso, ao invés de ter editado os decretos sabendo que a meta já não seria alcançada.

A falácia é dupla.

Primeiro, Julio Marcelo não faz análise dos efeitos reais dos decretos em relação à meta, desprezando os esforços de contingenciamento que ocorriam paralelamente à edição dos decretos.

Tais esforços, no mínimo, desconfiguram dolo na violação de dispositivos da LRF, para não dizer da CF. Se o governo estava cortando gastos, impossível dizer que buscava ampliar artificialmente e a qualquer custo o espaço fiscal.

Mas segundo, e pior, ignora o que o Congresso (e seu braço fiscalizador, o TCU) poderiam ter feito, caso de fato tivesse havido usurpação de competência.

O Congresso poderia ter questionado os Decretos e inclusive baixado Decreto legislativo sustando seus efeitos.

O TCU poderia ter alertado para a prática, o que jamais havia feito.

É muito fácil invocar usurpação de competência para justificar impeachment. Mas o fato é que a CF estabelece outros meios de gerir este tipo de incidente na relação entre os poderes, sem o desprezo pela soberania popular e a substituição do presidente por uma maioria parlamentar galvanizada por Eduardo Cunha”.

Em resposta, comentei:

Análises sérias e bem fundamentadas como esta, prezado,  são propositalmente ignoradas pelos cínicos e canalhas. É disso que se trata: um bando de canalhas jogando para uma plateia de cínicos. Não importa se você, eu, José Eduardo Cardoso ou o papa demonstremos com clareza que não houve crime de responsabilidade e sim a procura de um fato, qualquer fato, para sustentar um pedido de impeachment que já estava na rua. O que há, de fato, é um golpe.

Eles, os canalhas e os cínicos, sabem disso e assumiram o custo de carregar para a história essa marca ignóbil. A compensação pelo golpe, o acesso ao poder, para esses canalhas vale a pena.

Os canalhas não têm honra a perder. Então, os nossos discursos baseados em direito e ética não funcionarão. O único discurso que funciona com os canalhas é sobre poder, dinheiro e compra do voto. Este voto, para os canalhas, só serve para ser rapidamente convertido em mais poder e mais dinheiro. O resto é teatro e manipulação da opinião pública.

Assim como os canalhas, os ladrões e assassinos sempre sabem que estão cometendo um crime. Os canalhas sabem que é golpe. Só nos resta continuar nossa luta, denunciando sem tréguas esses golpes, falcatruas e as manipulações dessa mídia corrompida e a ação bandida dos canalhas.

Repetindo o que ocorreu nas grotescas sessões do Senado na fase anterior, os Senadores favoráveis ao golpe abandonam as sessões quando as testemunhas arroladas pela defesa da presidente estão prestando depoimento. Ora, na posição de juízes que deverão julgar se houve ou não a configuração de crime de responsabilidade, entendo que os senhores golpistas, digo, senadores, deveriam assistir e prestar atenção a todos os interrogatórios. Como poderão julgar com a devida isenção que caracteriza o papel de um juiz se só participaram dos depoimentos das testemunhas de acusação? Que julgamento é este em que o júri já foi escolhido sabendo-se previamente a posição de cada julgador ?

 

Mídia agrícola: planta notícias para colher crises

Cavacos ou ossos do ofício é uma expressão que alude a situações difíceis ou desagradáveis pela qual temos que passar ao executar nosso trabalho. O acompanhamento diário da mídia “agrícola” – aquela que vive de plantar notícias e cultivar crises – é um destes cavacos. Como leitor, ouvinte e telespectador assíduo dos meios de comunicação de massa observo a clara segmentação praticada:

Para os “Homer Simpsons”, Jornal Nacional, jornal O Globo, CBN; para os empresários e agregados ao mundo econômico-financeiro, jornal Valor Econômico. Para os dotados de inteligência abaixo da média, notícias e informações simplistas, superficiais e maniqueístas, para o pessoal do mundo da economia e finanças, informações com um viés claro, mas com articulistas do mundo acadêmico e empresarial, permitindo-se debate de ideias e posicionamentos menos alinhados com a linha editorial dominante.

Para aqueles, as Miriams Leitões, os Sardenbergs, os Jabores, os Constatinos e outros menos votados, da vida. Para o pesoal da comunidade de negócios, alguns artigos e entrevistas interessantes, vez em quando.

Esta longa introdução serve para registrar as posições de dois economistas, da escola de pensamento dominante, entrevistados pelo Valor Econômico. Você nunca vai ouvir, ler ou ver estas opiniões repetidas e “marteladas” diariamente na mídia “agrícola”. Não lhes interessa divulgar que existem opiniões divergentes do mantra “golpista” e da ideologia neoliberal simplista modelo três neurônios: 1) redução dos gastos públicos/redução do tamanho do Estado/redução da carga tributária, 2) redução da inflação com taxa de juros e 3) rendição incondicional ao deus-mercado.

Não há hoje opção à recriação da CPMF”.

Ilan Goldfajn – economista-chefe do Itaú Unibanco.

O quadro fiscal é grave e exige discernimento. O governo vem sendo acusado de repetir as chamadas “pedaladas fiscais” em 2015 – ao deixar de pagar parte da conta subsídios -, mas o fato é que não há como pagar o estoque de subsídios em um período curto”.

“Exigir que o governo resolva esse problema do passado rapidamente não dá. Tem que sentar como adulto e colocar no papel como vai ser devolvido”.

Mansueto de Almeida – eeconomista do IPEA, assessor econômico da campanha de Aécio Neves.