Este devia ser o blog intitulado “opinião do dia”, onde eu tentaria externar minha opinião sobre o assassinato, o extermínio de vidas, praticado por aqueles que só sabem se impor pela violência. Pelo fuzilamento covarde com AK 47 ou com a utilização malígna da força do Estado, do governo da Indonésia, que vai assassinar, este fim de semana, um ser humano, por mero acaso chamado Marco Archer, por mero acaso brasileiro.
Na opinião de alguns amigos é ruim o blog posicionar-se sobre assuntos tão polêmicos, mas muito pior ainda seria omitir-se. Eu concordo, em parte.
No caso do assassinato do Marco Archer pela Indonésia e em qualquer outro caso de pena de morte, sou radicalmente contra. O posicionamento é fácil. Tomando a vida como principal valor humano, ao qual todos os demais importantes valores de certa forma se vinculam , é impossível aceitar que qualquer Estado, por mais poderoso que seja, qualquer lei, por mais legal que seja, possa prescrever a execução ou assassinato de um ser humano. Se sacrificar um animal de estimação que está sofrendo muito com dores insuportáveis no fim de sua vida corta nosso coração, imagina a dor pela execução de um ser humano saudável.
A Constituição Federal do Brasil, sabiamente, não aceita a pena de morte. Se um ateu convicto, como eu, abomina a pena de morte por razões humanitárias, como aceitar que cristãos aceitem assassinar pessoas para atender a uma lei específica, de determinado país, votada por Congressistas míopes, em momento de privação de sentidos, de cegueira total?
No caso Charlie Hebdo, a discussão tem que ser mais aprofundada. Tenho lido muito sobre o assunto e ainda não tenho uma posição clara. É muito fácil dar respostas rápidas e simplistas. A primeira coisa que todos deviam evitar é jogar mais lenha na fogueira.
Apelo para Lennon: reproduzo suas músicas “Imagine” e “Give peace a chance” em outro blog. É pouco; vou ter que apelar para o Papa Francisco, em outro blog, que pretendo escrever nos próximos dias. Peço a todos vocês – mais ou menos três pessoas – que acompanham este blog, que aguardem.
Complemento (revisão): embora o assunto do Charlie Hebdo seja complexo, passado algum tempo, depois de refletir, tenho uma posição clara sobre o assunto: não é ilimitado o direito dos meios de comunicação de debochar, injuriar, caluniar ou denegrir a religião de quem quer que seja. Existem formas civilizadas de discutir o assunto e avaliar ou questionar aspectos de religiões que vão contra princípios básicos da dignidade humana.
Por outro lado, é inadmissível e incoerente, para dizer o mínimo, que seja cometida qualquer tipo de violência em nome de uma religião. Massacres coletivos ou assassinatos como aqueles cometidos contra os jornalistas do Charlie Hebdo e contra a população civil em geral são assassinatos, provas de barbárie, situadas nos mais baixos degraus da dignidade humana.
Paulo Martins