Mídia agrícola: planta notícias para colher crises

Cavacos ou ossos do ofício é uma expressão que alude a situações difíceis ou desagradáveis pela qual temos que passar ao executar nosso trabalho. O acompanhamento diário da mídia “agrícola” – aquela que vive de plantar notícias e cultivar crises – é um destes cavacos. Como leitor, ouvinte e telespectador assíduo dos meios de comunicação de massa observo a clara segmentação praticada:

Para os “Homer Simpsons”, Jornal Nacional, jornal O Globo, CBN; para os empresários e agregados ao mundo econômico-financeiro, jornal Valor Econômico. Para os dotados de inteligência abaixo da média, notícias e informações simplistas, superficiais e maniqueístas, para o pessoal do mundo da economia e finanças, informações com um viés claro, mas com articulistas do mundo acadêmico e empresarial, permitindo-se debate de ideias e posicionamentos menos alinhados com a linha editorial dominante.

Para aqueles, as Miriams Leitões, os Sardenbergs, os Jabores, os Constatinos e outros menos votados, da vida. Para o pesoal da comunidade de negócios, alguns artigos e entrevistas interessantes, vez em quando.

Esta longa introdução serve para registrar as posições de dois economistas, da escola de pensamento dominante, entrevistados pelo Valor Econômico. Você nunca vai ouvir, ler ou ver estas opiniões repetidas e “marteladas” diariamente na mídia “agrícola”. Não lhes interessa divulgar que existem opiniões divergentes do mantra “golpista” e da ideologia neoliberal simplista modelo três neurônios: 1) redução dos gastos públicos/redução do tamanho do Estado/redução da carga tributária, 2) redução da inflação com taxa de juros e 3) rendição incondicional ao deus-mercado.

Não há hoje opção à recriação da CPMF”.

Ilan Goldfajn – economista-chefe do Itaú Unibanco.

O quadro fiscal é grave e exige discernimento. O governo vem sendo acusado de repetir as chamadas “pedaladas fiscais” em 2015 – ao deixar de pagar parte da conta subsídios -, mas o fato é que não há como pagar o estoque de subsídios em um período curto”.

“Exigir que o governo resolva esse problema do passado rapidamente não dá. Tem que sentar como adulto e colocar no papel como vai ser devolvido”.

Mansueto de Almeida – eeconomista do IPEA, assessor econômico da campanha de Aécio Neves.

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