Não, ainda não secavam as bandeiras,
ainda não dormiam os soldados
quando a liberdade mudou de roupa,
transformou-se em fazendas:
das terras recém-semeadas saiu uma casta,
uma quadrilha de novos-ricos com escudo,
com polícia e com prisões.
Traçaram uma linha negra:
“Aqui somos nós,
porfiristas do México, caballeros do Chile,
pitucos do Jockey Club de Buenos Aires,
engomados flibusteiros do Uruguai,
adamados equatorianos,
clericais señoritos de todas as partes”.
“Lá, vocês, rotos, mamelucos,
pelados do México, gaúchos,
amontoados em pocilgas, desamparados,
esfarrapados, piolhentos, vagabundos, ralé,
desbaratados, miseráveis, sujos, preguiçosos, povo.”
Tudo se construiu sobre a linha.
O arcebispo batizou este muro
e instituiu anátemas incendiários
para o rebelde que ignorasse
a parede da casta.
Queimaram pela mão do verdugo
os livros de Bilbao.
A polícia
guardou a muralha, e no faminto
que se aproximou dos mármores sagrados
bateram com um pau na cabeça
ou o espetaram num cepo agrícola
ou…
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