Preto 45: façam suas apostas (*)

Em matérias publicadas na edição de hoje, o jornal O Globo inventa polêmica sobre uma nota do Banco Central de cinco linhas e confunde seus incautos leitores.

As matérias misturam nota do presidente do Banco Central sobre estudo do FMI relativo ao crescimento da economia global, decisão do COPOM , posições compradas e vendidas dos operadores do cassino financeiro e desejos dos consultores-profetas (vendedores de profecias auto-realizáveis).

As matérias do O Globo acusam o presidente do BC, Alexandre Tombini, de fazer comentários que “levam o mercado a rever a alta da Selic”.

Ora, ora, ora …

O tal mercado, este bicho onipotente, onisciente e onipresente, associado com a mídia interesseira e os tais economistas ortodoxos, sequestrou o Banco Central do Brasil.

Só pode ser isso.

O mercado já havia decidido que alta dos juros na reunião do COPOM desta quarta-feira – 20/01/2016 – seria de 0,5 ponto percentual.

Todos os principais operadores do cassino financeiro já haviam feito suas apostas e só estavam aguardando chegar a quarta-feira para o COPOM confirmar a decisão que eles, operadores do cassino e consultores-profetas, já haviam tomado.

Então, apareceu o relatório do FMI e o recado do presidente do Banco Central (nota de cinco linhas). Para mim, pareceu um aviso aos jogadores: vão com calma em suas apostas! Neste caso, eles, os operadores do cassino, deveriam agradecer em vez de criticar.

“BC dá sinais contraditórios sobre juros”. Contraditórios com o que, caras-pálidas?

“BC muda de opinião em dia de encontro do COPOM” – Míriam Leitão

O Banco Central mudou a opinião que os oráculos da mídia interesseira diziam que o Banco Central tinha. Rs …

Leia  as notícias dos jornalões interesseiros:

“Nota polêmica do BC – Comentário de Tombini sobre relatório do FMI provoca dúvidas em relação à alta de juros hoje”.

Economistas e agentes de mercado financeiro consideraram “estranha”, “inadequada” e “sem propósito” a nota. Para eles, o comunicado sinalizou uma clara mudança de postura do BC em relação à elevação dos juros. Até ontem pela manhã, a expectativa do mercado era de uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic, que está em 14,25% ao ano”.

Ora, dane-se a expectativa de mercado. Estes jogadores entram em crise de abstinência na falta de qualquer 0,25% de aumento na taxa de juros. São viciados e não têm vergonha de admitir!

A reclamação dos “bookmakers” é que o Banco Central aparentemente deu um sinal de que não vai obedecer, desta vez, o que o mercado já havia decidido (precificado, no jargão deles).

“Se o BC não elevar os juros, ficará parecendo que houve influência política na decisão. Se a Selic não subir, vai pegar muito mal”, comentou o estrategista-chefe de um banco estrangeiro.

E os jogadores do cassino vão perder dinheiro, acrescento. Tombini não devia ter avisado. Deveria deixar todos ficarem do lado perdedor da mesa de jogo.

“Esse Banco Central tem sido tão confuso em sua comunicação, que agora ficou difícil prever o que o BC vai fazer”, reclamou um sócio de empresa de consultoria e professor de economia da PUC-Rio.

É, companheiros de roleta, se continuar assim, vai ficar mais difícil ganhar dinheiro fácil!

(*) Referência à taxa de juros de 45% fixada pelo Banco Central quando Armínio Fraga era o seu presidente e Fernando Henrique Cardoso era o presidente da república. Esta taxa vigorou no período de 05 a 24/03/1999.

 

 

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