“Dilma comete gravíssimo erro ao falar em golpe”.
Ministro Celso Mello.
Penso diferente. Acho que o ministro Celso Mello comete gravíssimo erro ao adiantar à mídia coronelista julgamento sobre matéria tão importante para o destino da democracia, sem analisar as provas nos autos de eventual processo. Falar em tese é sempre perigoso, ainda mais no atual, extremamente sensível, momento político.
Os senadores e senadoras por um lado montam o circo do faz-de-conta que não é golpe. Por outro lado os coronéis da mídia trabalham para reforçar a tese de que está tudo normal e dentro da legalidade. É evidente que as matérias do jornal estão sendo pautadas com este objetivo. Ou o senhor ministro foi usado como inocente útil – inexperiente, coitado, apesar do avançado tempo de exercício na profissão – ou agiu de forma consciente. Qualquer que seja a hipótese, o senhor ministro não pode dar-se ao luxo de cometer erro tão grosseiro.
Alguns ministros, juízes e procuradores vivem em uma espécie de mandarinato e esquecem a razão da existência dos seus cargos e a quem devem prestar contas.
O senhor ministro é muitíssimo bem remunerado pelo cidadão brasileiro e deveria preservar o decoro do alto cargo que ocupa em nome da democracia.
Ao assumir o cargo jurou respeitar e proteger a Constituição Federal.
Se todas as decisões judiciais de qualquer instância vão ser resolvidas pela TV ou pelas páginas de jornais e revistas, sugiro uma alternativa mais barata ao STF.
O país está cheio de novas arenas construídas para a Copa do Mundo e subutilizadas. Fechando o Supremo, poderíamos fazer sessões de julgamento nos estádios, com platéia lotada, para decisão imediata do público presente; tudo rápido, simples e direto!
Sem verborragia, sem juridiquês que esconde mais do que esclarece e sem jurisprudências jurássicas desconectadas da realidade do cidadão comum.
Não seriam necessários processos, vistas de processos convenientemente delongadas e tudo que transforma a verdadeira justiça em papel e palavrórios.
Simples assim. Justiça direta. Sessões transmitidas pela Rede Globo, em cadeia com a Bandeirantes, com as emissoras religiosas e tudo pay-per-view. O âncora seria o Pedro Bial, patrocinado pelos fabricantes de transgênicos, cimento, celulose, cigarros e aço. Ou pelos BBBB. Narração, Galvão Bueno. Os “votos” do público de casa seriam computados pelo Ibope. Show democrático e lucrativo. Auto-suficiente. Sem um tostão de dinheiro público. Tudo como convém aos novos tempos.