Um amigo da vida real postou no Facebook o artigo da Laura Carvalho com 10 perguntas e respostas sobre a PEC 241 – leia o artigo da Laura aqui:
Em seu comentário ele argumentou que, realmente, a queda das receitas é um problema. Com a arrecadação mais alta, os salários mais altos dos grupos com maior poder de barganha do serviço público federal sobem muito. Com a queda das receitas e a impossibilidade de diminuir os salários, aparecem os déficits. A reação das áreas jurídicas à PEC seria, na sua opinião, uma resposta corporativa ao possível congelamento dos salários destas castas. Bom, foi isso que eu entendi. Ele finaliza perguntando se entendemos. Como eu acho que as legítimas reações aos estragos causados pela PEC 241 não podem ser resumidos à uma mera reação de castas contrariadas, respondi que eu não havia entendido a lógica do raciocínio. Na verdade, entendí o raciocínio do meu amigo. Só não entendí a relação dos seus comentários com todos os dez pontos do excelente artigo da Laura Carvalho.
Em meu blog dialogosessenciais.com eu publiquei diversos posts, além do artigo da Laura Carvalho, demonstrando o absurdo representado pela PEC 241, que congela por 20 anos as despesas totais reais do governo federal e agride diversos dispositivos da Constituição Federal.
Minha resposta, abaixo, saiu num jato e não foi editada. Crua, transparente e planfetária. Por isso mesmo, legítima. Fato raro, nestes tempos de conclusões com hipóteses escondidas ou camufladas.
Aí vai:
Não. Por favor, amigo, explica mais um pouco.
Os governos Dilma reajustaram os salários do governo federal em percentuais abaixo da inflação, o tamanho da folha salarial em seu governo não cresceu tanto assim e o tamanho do governo no Brasil não é maior do que o tamanho dos governos de diversos países desenvolvidos e em desenvolvimento. E, além disso, os juros reais nestes países não chegam nem perto dos juros reais do Brasil.
Faço parte da elite rentista que ganha dinheiro sem trabalhar, nem por isso deixo de denunciar esta imoralidade.
Juros altos para derrubar demanda agregada que já está no fundo do poço é remédio errado para diagnóstico errado. Esta lógica adotada no segundo governo FHC levou o país a ficar enforcado no FMI. Juros altos para matar os carrapatos, matam a vaca antes de alcançar os carrapatos.
A PEC 241 tem vários defeitos. O maior deles é dar um golpe no capítulo dos direitos sociais da CF cidadã, escrita por constituintes eleitos originariamente para este fim.
Governo sem voto não devia caçar o direito do povo que vota.
Ao enviar uma emenda válida por 20 anos, ou seja, por 5 mandatos, caça o direito da população escolher outra plataforma política e outro conjunto de políticas sociais e econômicas no futuro. Mesmo quem ainda não nasceu, quando for votar, com 16 anos, não terá escolha. Terá que rezar pelo credo neoliberal do estado mínimo, da educação e saúde privatizadas, do galinheiro gerenciado pelas raposas.
Temer está sendo esperto. O arrocho não afeta seus períodos (2,5 anos) de governo.
Morrem 50.000 por ano no Brasil por crimes violentos em nossa guerra civil não declarada.
O Estado brasileiro não tem dinheiro para colocar nas cadeias todos os condenados. Com a diminuição do Estado, com os aumentos dos conflitos na distribuição da renda, aumentarão a miséria e a violência.
A distribuição de renda do país, que é uma das mais injustas do mundo, vai ficar ainda mais concentrada. Como nem todos podem mudar-se para os EUA, vamos ter que ficar por aqui e ver a violência aumentar ainda mais. Sem saúde e educação não se tem mão de obra treinada, não se tem produtividade, não se tem economia competitiva.
Ou vamos acreditar que as grandes corporações globais vão fazer tudo por nossa economia? Vão educar e dar empregos para todos, prover saúde, infraestrutura, investir em transporte público, de massa, de qualidade, em hospitais, saneamento básico …
Tá, vamos ficar esperando pela São Bayer, São Monsanto, São Catterpillar, São Halliburton, São Shell, São McDonnalds, São JBS, para não citar as Santas empreiteiras e construtoras. Ou a solução privada virá das montadoras – Santa VW, Santa GM? Ou dos grandes bancos: São Itaú, São Bradesco? Talvez do São HSBC, quem sabe?
Ou virá da mídia dominada por cinco famílias? Santa Folha, São Estadão, Santa Veja.
Nestes tempos de Opus Dei e de Maçonaria, não surpreende a presença de tantos Santos e Santas. Correndo por fora, em alta velocidade, a Universal, que abomina santos.
Achei a resposta! A solução final virá da Santa Globo e será exibida no Jornal Nacional.