O Brasil é o país das pré-mentiras que, embrulhadas em papel de presente e celofane, transformam-se em “verdades” incontestáveis na boca e no teclado de jornalist@s a(d)(m)estrad@s, el@s mesm@s também empacotad@s como verdadeir@s.
Também no mundo acadêmico dominam as “leis” de mercado e as pré-mentiras sacralizadas, mais fáceis de entender, engolir e, o mais importante, empacotar e vender.
É óbvio, nem preciso argumentar, que não está dando certo. Basta olhar em volta e observar o país que construímos.
Um destes equívocos, entre as tantas besteiras – ou espertezas sabiamente jogadas ao vento para alimentar os golpes nossos de cada geração – foi a demonização do papel do BNDES no financiamento do capetalismo tupiniquim e a criminalização dos seus funcionários de carreira.
A entrevista da presidente do BNDES Maria Sylvia Bastos Marques Hartford Cardoso Maia Steinbruch no jornal O Estado de São Paulo, na semana passada, foi objeto de comentários que demonstram o miserê intelectual e político em que estamos metidos.
Selecionei alguns comentários dos leitores deste antigo meio de manipulação e, sinceramente, relutei muito em repetir aqui as obscenidades publicadas. Alguns comentaristas colocam seus nomes completos, outros se escondem sob pseudônimos. Desculpem-me leitores se os ofendo, mas fiquei alarmado com o que li.
Observação: mantive os textos exatamente como foram escritos. Não editei. Apenas pesquei no mangue os caranguejos mais graúdos. Tente decifrar, nos casos em que a língua portuguesa foi maltratada.
Vera Lúcia Sanches Egidio
“Nossas leis tem que parar de proteger mentirosos e sim puni-los. Cadeia para Sílvia se sabia é parte da corrupção se não é incompetente para ocupar o cargo deixando os ladrões agirem livremente. Não consigo acreditar que ela não sabia. Cabe a ela provar.”
Pergunta deste blog: como uma pessoa PROVA que não sabia? Permanecendo calada? Desde quando cabe ao acusado provar que não cometeu um crime falsamente imputado?
Mara Ramos
“Estúpida, não?! Quem quer que seja, levado em condução coercitiva, não está, nem preso, nem acusado. Que fale o que sabe. O que você, clerkezinha disfarçada de executiva, não está fazendo, por medo, ou por incompetência, desde que assumiu a ratoeira.”
Comentário deste blog: para que, então a condução coercitiva, se não está preso, nem acusado? Para participar de um número no espetáculo do Circo Laja Jato?
Barry Sotero
“Essa ‘Maria Silvia’ é extremamente intelectualmente disonesta ou ‘bobinha’. Não vejo muita diferença entre o caráter dela e do Lula. Meu Deus, quem coloca esse tipo de imbecil nesses cargos e de pessoas com péssima índole. Meio complicado de acreditar que não tem qualquer irregularidade no BNDES. Teve um empréstimo do BNDES a JBS, por exemplo, que era para a JBS usar o dinheiro para comprar uma empresa. No final, desistiram de comprar, mas não devolveram o dinheiro ao BNDES. Eles simplesmente colocaram no bolso.”
Comentário deste blog: e a dívida relativa ao empréstimo, registrada na contabilidade do BNDES, sumiu?
OSG
“Saber? Ainda enrolando o povo como esses verbos? nesse nefasto governo nunca sabe de nada …”
Comentário deste blog: os leitores do Estadão, tão acostumados a ver este antigo meio de manipulação bater feio nos governos do PT, não perceberam que a matéria era para ajudar Maria Silvia, a presidente do BNDES, a “limpar sua barra” com os funcionários da casa. Mas um dos leitores percebeu.
Celso Luís Ribeiro Ribeiro
“O pessoal do BNDES precisavam falar alguma coisa e arranjaram essa entrevista. Trocaram figurinhas. Entrevista arranjada !!!”
Comentário deste blog: este conhece o jornal que lê. Já está acostumado com a linha editorial.
Nilo Alves Gomes
“Todos sabemos que este famigerado banco nacional de desvio do erário público foi usado, roubado, surrupiado, só a “presidenta” dele, processado por um rombo de 5 bilhões na Petrobras, tem dúvidas quanto a isso. A PF e o Ministério Público precisam investigar se este banco não está ainda perdendo nosso dinheiro para os corruptos.”
Comentário deste blog: 5 bilhões???!!! De reais ou de dólares? Faz toda a diferença. Não sei de onde esses leitores do Estadão captam “informações” tão verdadeiras e precisas.
Se não bastasse a destruição da imagem do BNDES e a tentativa de fazer o banco desistir do seu papel histórico, estamos vendo a criminalização das atividades dos seus funcionários de carreira.
A desinformação galopante nas redes sociais, resultante do péssimo trabalho da mídia tradicional, mostra o buraco que estamos metidos.