Post da página de Mara Telles no Facebook.
Num piscar de olhos passamos da moralidade “contra a corrupção” para a guerra contra os costumes. O encerramento de uma exposição artística sob qualquer pretexto é fato seríssimo: é Censura. E os efeitos já são imediatamente sentidos. Agora um juiz impede uma peça religiosa, alegando “motivos religiosos”. A direita radical tem entre seus conceitos a luta pela ” liberdade de expressão ilimitada”. Como eu já postei aqui, eles se utilizam da defesa da “liberdade máxima” para distribuir seu ódio, disseminando preconceitos e desconstruindo, através de uma estratégia do uso do cômico e do memes, os avanços dos Direitos Humanos. Nada mais falacioso do que a defesa da “liberdade de expressão ilimitada”. A direita radical quer liberar a expressão única e unilateral para destruir qualquer oposição ao seu desejo de impor um pensamento único. E, diferente do ruído dos coturnos, ela agora se sustenta em sentenças jurídicas revestidas de legalidade. Não apenas Bolsonaro expressa este pensamento. O prefeito de SP também não está longe desta tendência. Sim, é para ter medo e levar à sério. Ao contrário dos EUA ou da França, a sociedade civil brasileira não tem o mesmo viço para contestar contra esta onda. É preocupante achar que em 2018 tudo isso será resolvido. Se hoje temos um governo sob suspeição e impopular, preocupado unicamente em se salvar de investigações, 2018 e depois poderão nos oferecer como resposta à sensação de desordem uma Câmara federal ainda mais reacionária e um executivo mais conservador que, eivado pela legitimidade das urnas passará das palavras, proferidas em palestras, aos fatos. Corre-se o risco de termos que optar entre uma direita corrupta, mas liberal em comportamento, ou uma direita corrupta e reacionária. Estamos cada vez mais próximos do ultra liberalismo econômico e da censura e mais distantes do liberalismo comportamental.