Queijo, linguiça, abobrinhas e Sudbrack, por Fernando Brito

Por Fernando Brito, do Tijolaço.com.br


 

O Brasil, seus políticos e sua imprensa viraram, realmente, uma fábrica de bobagens.

Estamos discutindo e fazendo escândalos com coisas estúpidas e evidenciando que, aqui, a lei – em lugar de ser para todos – depende do freguês.

É símples a questão: se os queijos e as linguiças apreendidas no Rock in Rio fossem daquele rapaz (duvido que você não conheça um) que anda com uma sacola vendendo-os para ganhar algum, alguém estaria protestando? Ou se fosse aquela negra simpática, a D. Maria, que os tivesse sobre uma banca, os mesmíssimos, alguém ia achar “absurdo”?

Bom, eu ia, porque num país onde ninguém pode jurar que não se moeu restos de palha para por nos cigarros ou gordura de galinha para aquele “hamburguer bovino” não acho que venham daí os problemas significativos de saúde pública na alimentação.

Mas os “bem-postos” iam dizer que é isso mesmo, que era um absurdo que num lugar cheio de turistas e de garotada ficassem vendendo alimentos sem controle sanitário.

Todo o problema é só um: estavam sendo vendidos nos quitutes servidos pela chef Roberta Sudbrack, contra a qual nada tenho, mas que é a musa culinária do high society, autora de banquetes presidenciais nos tempos de FHC (não sei se em outros).

Só por isso, simples assim.

Façam-me o favor! Não faz seis meses todos estavam gritando contra o “frango de papelão” pela falta – ou corrupção – dos serviços de inspeção nos frigoríficos, no que a gente não sabe, até hoje – apesar de todo o espalhafato e do escândalo internacional – o que era verdade e o que era boato.

Artesanal, claro, pressupõe pequenas produções e pequenas vendas. Se ganha escala, é industrial, ainda que conserve o cuidado, a receita e o sabor, e deve cumprir as exigências sanitárias.

Senão, daqui a pouco a Sadia ou a Friboi tascam um “artesanal” na embalagem e vendem milhares de toneladas sem selo de inspeção federal.

Se houve exagero ou truculência na ação, como ela alega, o quanto não se deve ao fato de, nos últimos anos, acharmos e endeusarmos ações “prendo e arrebento” da autoridade? Quanto não se deve ao fato de, sendo flexível, um agente público passe a ser, de imediato, chamado de corrupto e a ideia de que “se liberou, deve ter rolado uma grana”?

Mas como foi no “chiquê” isso vira um caos nacional, ao ponto de o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, ir a um “ato de desagravo” promovido pelo Ministro da Cultura, em pleno Palácio do Planalto, desautorizando o trabalho dos fiscais de maneira grosseira e estúpida.

Porque não haveria desagravo se fosse o sacoleiro e a Dona Maria, porque não apenas a lei é censitária do Brasil – depende de com quem se está falando – mas os cérebros também estão se tornando.

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