Hoje mantenho esse adesivo no meu telefone, recebido após a apreensão, para lembrar que não somos imunes à perseguição, à traição, à inveja ou mesmo ao erro de quem quer que seja. Não importa o cargo que você exerça, você está sujeito a ser acusado de algo que não fez. Aliás, eu não estava sendo investigado por nada, porque ser investigado necessita de um fato a se investigar.
Eu era o alvo, como está no adesivo do telefone, o alvo, a pessoa a se investigar para saber se há um fato a se imputar. Procedimento inexistente nas leis e nos códigos, pois não se investigam pessoas, se investigam fatos.
Mas eu era um alvo, e guardo essa lembrança para nunca mais esquecer o quão vulneráveis somos em um Estado Policial, onde o que conta é a suspeita de pessoas, independentemente dos fatos. Onde todos somos suspeitos e denunciantes, onde não se confia em mais ninguém, e morre o que há de melhor no ser humano, a esperança.
O alvo aqui continua trabalhando, estudando, seguindo sua vida, enquanto o procedimento em que é alvo cozinha em banho Maria, como tortura, no sadismo da morosidade processual. A única coisa que eu agradeço à PF é pelos amigos que se afastaram. Os que ficaram, o laço é mais forte!
Por Luís Carlos Valois