Então é Natal! Pé na estrada. Um pulo ali do lado, na serra, e depois, para o ano novo, um abraço no Mujica.
Fiel ao espírito natalino e ao que nos espera em 2019, deixo vocês com uma série de textos de Brecht. Divirtam-se. Ou não. Em 15 dias, estarei de volta.
Paulo Martins
Um poema, duas traduções. Eu prefiro a tradução de Haroldo de Campos. E você?
A MÁSCARA DO MAL
Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa
Máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado,
Compreensivo observo
As veias dilatadas da fronte, indicando
Como é cansativo ser mau.
Em: Bertola Brecht – Poemas 1913 – 1956
Seleção e tradução de Paulo César de Souza
editora 34
A máscara do mal
Na minha parede, a máscara de madeira
de um demônio maligno, japonesa –
ouro e laca.
Compassivo, observo
as túmidas veias frontais, denunciando
o esforço de ser maligno.
.
Die Maske des Bösen
An meiner Wand hängt ein japanisches Holzwerk
Maske eines bösen Dämons, bemalt mit Goldlack.
Mitfühlend sehe ich
Die geschwollenen Stirnadern, andeutend
Wie anstrengend es ist, böse zu sein.
– Bertolt Brecht, em “O duplo compromisso de Bertolt Brecht” [tradução Haroldo de Campos]. in: CAMPOS, Haroldo de.. O arco-íris branco. Rio de Janeiro: Imago, 1997.