Misturar religião com Estado (e Governo) é como lançar uma bomba atômica para o alto

Sobre o novo presidente da Capes, que defende o criacionismo:

  • O Estado brasileiro é laico. Isso significa que não existe uma religião oficial. A religião não pode ser critério para o exercício da cidadania, como o alistamento eleitoral ou a investidura em cargos públicos, por exemplo.
  • Como desdobramento da laicidade do Estado, temos como princípio que a religião é uma questão de foro íntimo: todas e todos são livres para professar qualquer religião: qualquer pessoa é livre para se converter ao catolicismo, judaísmo, protestantismo, espiritismo, islamismo etc. E adorar Deus, Alá, Jeová, Tupã, Zeus, Quetálcoátl, Uitzilopóchtli ou Diego Armando Maradona.
  • Estabelecimentos de ensino (escolas, universidades) devem ser completamente separadas dos locais de culto (igrejas, templos, mesquitas, sinagogas etc). Nas escolas e universidades, são produzidos e divulgados os resultados das pesquisas científicas. Nos locais de culto, onde os ensinamentos não exigem comprovação científica, o questionamento (base da cultura científica) é substituído pela fé.
  • Toda pessoa é livre para frequentar uma igreja católica, um templo budista, um centro espírita, uma mesquita, uma sinagoga ou um terreiro de candomblé. A Constituição Federal de 1988 é clara a respeito:

“É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

  1. Logo, qualquer pessoa pode defender o criacionismo. Mas essa será uma posição individual e, por mais ridículo que possa parecer, o Estado age corretamente ao garantir que esse direito possa ser exercido. Essa será sempre uma posição individual, nunca a do próprio Estado.
  2. Quando uma autoridade pública (presidente, ministro, secretário, presidente de uma autarquia ou reitor de universidade etc), no exercício de seu cargo, tenta impor ao conjunto da sociedade aquilo que é uma questão de foro íntimo, ela está violando diversos princípios da administração pública, e deve ser punido pela sua conduta. Isso caracteriza desvio de função, quebra do princípio da impessoalidade e um completo desrespeito ao pluralismo e à diversidade.
  3. Não é preciso ser um revolucionário para entender tais coisas. A separação entre Igreja e Estado está na base das revoluções liberais da época moderna. Bolsonaro e sua quadrilha representam um enorme retrocesso, tentando nos colocar num período pré-iluminista. São reacionários, obscurantistas e perigosos. Devem ser combatidos e derrubados, não “corrigidos”.
  4. Dinossauros existiram, a Terra é esférica e a universidade é nossa.
  5. Por Pedro Fassoni Arruda

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