Mateus Ziebell ,
Bom dia. Não vou pedir para você estudá-lo não. Muita gente boa só leu alguns poucos livros, se tanto, da extensa e importante produção de Marx em História, Filosofia, Direito, Sociologia e, naturalmente, mais tarde, em Economia. Deixou centenas de volumes manuscritos, sem edição. Mesmo Das Kapital ficou incompleto e foi terminado após a sua morte. Diversas universidades norte-americanas tinham e, com a crise do sub-prime de 2007/2008, voltaram a ter, professores especializados em Marx, com cursos regulares. Sem falar nas universidades europeias tradicionais, que sabem ser impossível ignorar a dissensão marxista.
Quando eu estudava Economia na Universidade Federal Fluminense, em 1971, em plena ditadura militar, havia censura sufocante. Só um lado da teoria econômica era permitido. Seria como um médico, na aula de Anatomia, receber um corpo humano cortado ao meio, longitudinalmente, somente o lado direito e estudá-lo como se fosse o corpo todo. Quando fui fazer o mestrado nos Estados Unidos, em 1979, a quantidade de livros e artigos mostrando a existência do “outro lado do corpo” era estonteante. E nas livrarias, mesmo as de bairro, em pequenos shopping center (Mall), a disponibilidade de livros era boa. E isso em Atlanta, no estado sulista da Geórgia! Imagine em Boston ou em São Francisco e Los Angeles.
Eu não sei como alguém pode condenar um autor, verdadeiro intelectual, mundialmente reconhecido, sem ter lido uma só linha. Durante meus estudos tive que ler Adam Smith, David Ricardo, Hayek, Milton Friedman (consultor e colaborador de Pinochet) e outros economistas conservadores, liberais ou neoliberais (“o lado direito do cadáver”) e, só assim, posso dizer que estudei anatomia completa.
Condenar um autor pelo uso inadequado de uma parte de sua imensa obra é como condenar o inventor do avião pelo seu uso como arma de guerra e para transporte das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.
Ou o inventor do caminhão, porque um terrorista jogou o caminhão em cima do público, em Nice, na França, em 2009, matando xxx pessoas e ferindo outras tantas. A culpa não foi do caminhão, é óbvio, e sim do uso que foi feito dele.
Vai aí uma listinha da extensa bibliografia de Karl Max. Talvez sirva para você imprimir e colar na estante da biblioteca da sua casa, como lista de livros proibidos para seus filhos e sua esposa. Mas, cuidado, você não vai estar mais por aí e seus netos poderão se interessar pelo assunto, que estará mais atual do que nunca no futuro.
Jovem Marx (1839 a 1850)
Nesta é a época do chamado “jovem Marx”,onde predominam escritos mais voltados para a filosofia pura.
Oulanem[2]
Ano: 1839
Diferença da Filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro[3]
Título original: Über die Differenz der Demokritischen und Epikureischen Naturphilosophie
Ano: 1841
Tese de doutoramento na Universidade de Iena
Crítica da Filosofia do Direito de Hegel
Título original: Kritik des Hegelschen Staatsrech
Ano: 1843
A Questão Judaica
Título original: Zur Judenfrage
Ano: 1843
Contribuição para a Crítica da Filosofia do Direito em Hegel: Introdução
Título original: Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie: Einleitung
Ano: 1844
Manuscritos Econômico-filosóficos
Título original: Ökonomisch-philosophischen Manuskripte
Ano: 1844
Teses sobre Feuerbach
Título original: Thesen über Feuerbach
Ano: 1845
A Sagrada Família[4]
Título original: Die Heilige Famile
Ano: 1845
A Ideologia Alemã[4]
Título original: Die deutsche Ideologie
Ano: 1845-1846
Miséria da Filosofia
Título original: Misère de la philosophie: réponse à la philosophie de la misère de Proudhon
Ano: 1847
A Burguesia e a Contra-Revolução[5]
Ano: 1848
Manifesto Comunista[4]
Título original: Manifest der Kommunistischen Partei
Ano: 1848
Trabalho Assalariado e Capital[6]
Título original: Lohnarbeit und Kapital
Ano: 1849
As Lutas de Classe na França de 1848 a 1850[7]
Título original: Die Klassenkämpfe in Frankreich 1848-1850
Ano: 1850
Mensagem da Direção Central da Liga Comunista[4]
Título original: Ansprache der Zentralbehörde an den Bund
Ano: 1850
Transição (1852 a 1856)
Esta época é chamada de “período de transição”, quando o Marx passa a ler menos filósofos e mais economistas — nesse período a produção dele se resume a artigos e panfletos, produz o clássico 18 de brumário.
O 18 de Brumário de Luís Bonaparte
Título original: Der Achtzehnte Brumaire des Louis Bonaparte
Ano: 1852
Punição Capital
Título original: Capital Punishment
Ano: 1853
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 18 de fevereiro de 1853
Revolução na China e na Europa
Título original: Revolution in China and Europa
Ano: 1853
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 14 de junho de 1853
O Domínio Britânico na Índia
Título original: The British Rule in India
Ano: 1853
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 25 de junho de 1853
Guerra na Birmânia
Título original: War in Burma
Ano: 1853
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 30 de junho de 1853)
Resultados Futuros do Domínio Britânico na Índia
Título original: The future results of British Rule in India
Ano: 1853
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 8 de agosto de 1853)
A Decadência da Autoridade Religiosa
Título original: The Decay of Religious Authority
Ano: 1854
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 24 de outubro de 1854
Revolução na Espanha
Título original: Revolution in Spain
Ano: 1856
Artigo publicado no New York Daily Tribune em duas partes, 8 e 18 de agosto de 1856
Fase adulta (1857 a 1880)
Esta época é chamada de “Marx maduro”, quando os estudos econômicos transparecem claramente em seus escritos.
Grundrisse
Título original: Grundrisse der Kritik der Politschen Ökonomie
Ano: 1857-1858
Para a Crítica da Economia Política
Título original: Zur Kritik der Politschen Ökonomie
Ano: 1859
População, Crime e Pauperismo
Título original: Population, crime and pauperism
Ano: 1859
Artigo publicado no New York Daily Tribune em 16 de setembro de 1859
Manifesto de Lançamento da Primeira Internacional
Título original: Inaugural Address of the Working Men’s International Association
Ano: 1864
Salário, Preço e Lucro[8]
Título original: Value, Price and Profit
Ano: 1865
O Capital: crítica da economia política (Livro I: O processo de produção do capital) (Magnum Opus)[9][10]
Título original: Das Kapital: Kritik der politschen Ökonomie (Erster Band: Der Produktion Prozess des Kapitals)
Ano: 1867
Durante os anos seguintes, até o fim de sua vida, Marx se dedicará à redação dos demais volumes d’O Capital (publicados postumamente por Engels).
A Guerra Civil na França
Título original: The Civil War in France
Ano: 1871
Resumo de “Estatismo e Anarquia”, obra de Bakunin
Título original: Konzpekt von Bakunins Buch “Staatlichkeit und Anarchie”
Ano: 1874-1875
Crítica ao Programa de Gotha
Título original: Kritik des Gothaer Programms
Ano: 1875
Artigo em defesa da Polônia, publicado em Der Volksaat[4]
Ano: 1875
Carta sobre o futuro do desenvolvimento da sociedade na Rússia, escrita ao editor do periódico russo Otechesvenniye Zapiski e não enviada.
Ano: 1877
Notas sobre Adolph Wagner
Título original: Randglossen zu Adolph Wagners
Ano: 1880