A vida é combate. Vamos lutar sorrindo.

Por Roberto Garcia

Essse grupo de transição chefiado pelo vice-presidente eleito está dando todos os sinais corretos. Trata-se de uma amostragem ampla, de muito do que há de melhor em nossa sociedade. São gente com visão de um futuro mais abrangente. Há contradiçoes entre eles, sim, como toda sociedade tem. Mas estão dialogando, apresentando soluções, dispostas a combinar as suas propostas, para formar um conjunto viável.

Não existe uma única proposta que resolva tudo, para sempre. Nem um único líder capaz de tudo fazer. Em cada momento grupos se formam para buscar alternativas, encontram caminhos aceitáveis, que conciliam interesses, para cada momento. Nem sempre se produz perfeição, só o que é possível, o melhor , cada um com a sua força.

Tradicionalmente, a solução é a imposta pelos que sempre mais podem: a minoria mais rica, mais influente, que se apropria e se beneficia do trabalho de todos. Geralmente os interessses da maioria são empurrados para os lados, esquecidos, no máximo atendidos em pequena parte, para evitar explosões sociais.

Este é um daqueles momentos em que uma correção é possível. Em que se pode aumentar a parcela destinada à maioria. Aumentar em pouco mais de um por cento o salário mínimo, que caiu nos últimos quatro anos é uma das metas do novo governo. Chegamos num ponto em que um aumento de um por cento está sendo pintado como um abuso, que viola a estabilidade financeira do país.

Numa nação em que a maior parte está sem nada, na miséria, uma bolsa de pouco mais de cem dólares está sujeita a dura disputa. A merenda decente nas escolas faz com quem alguns cocem a cabeça, dando sinais de que isso já é demais.

Os grupos que aceitaram zerar o orçamento das universidades e das pesquisas científicas acham que voltar a dotá-las de viabilidade financeira pode afetar o equilíbrio fiscal.

As pressões são intensas. Antes mesmo da posse do novo presidente todos os mecanismos de proteção de privilégios foram acionados. As bocas de aluguel estão funcionando a todo vapor. Há que defender o indefensável. Aceitaram o Lula mas querem cortar-lhe as pernas e os braços.

Tudo isso exatamente no mesmo momento em que anunciam dividendos aos acionistas da Petrobras que ultrapassam tudo o que eles receberam antes, mais do que as grandes petroleiras do mundo pagam, para esse pequeno grupo tudo é possível, anunciam e distribuem dinheiro a rodo, sem pedir desculpa, é a regra do mercado.

Na frente dos quartéis, grandes multidões se juntam para dizer que não aceitam o resultado das eleições. Querem intervenção militar.
Evangélicos formam círculos para pedir a Deus que impeça a mudança. Eles querem Jair, Paulo Guedes, Damares dando as cartas.

Há que ver com calma esse jogo. Não adianta ficar nervoso. Bom acostumar-se. Vai ser sempre assim. Todo avanço terá que ser extraído com diálogo, mobilizando os interessados — a maioria –explicando muito, sem chamar ninguém de gado. Se forem bem explicados eles acabam entendendo.

As forças progressistas estão sendo desafiadas. Em quase todos os países a diferença nas eleições é pequena, dificil encontrar dígito duplo de vantagem para elas. A luta terá que ser constante.

Já dizia um poeta que a vida é combate, que aos fracos abate e aos fortes só pode exaltar. Estamos nessa. Pode não ser fácil. Mas é boa, a nossa chance. Não podemos deixar que ela escorregue entre os dedos. Vamos lutar sorrindo. Essa parada nós vamos ganhar.

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